Lívia, ao ver essa reação, sorriu ainda mais friamente.Ela não respondeu às palavras de Helena, mas continuou por conta própria:- Ou você quer que eu perdoe João por ter desenterrado o túmulo dos meus filhos? Ou quer que eu perdoe a frieza com que vocês me receberam quando eu fui reconhecer os parentes? Ou talvez, você queira que eu perdoe vocês por tentarem me casar com aquele velho da família Monteiro? Ou seria o perdão pela escolha que vocês fizeram entre mim e Aurora?Como eles ousavam pedir que ela perdoasse tais atos!- Perdoar ou não perdoar? - As perguntas em sequência fizeram a cabeça de João balançar como um tambor. - Lili, se você estiver feliz, perdoar ou não não importa, mas papai espera que você não fique brava, não vale a pena estragar a saúde por pais como nós.A atitude dele hoje era uma reviravolta de 180 graus.Lívia o observou por vários momentos, mas não conseguiu entender o motivo da mudança de atitude dele.- Você realmente não espera meu perdão, só quer que eu
João arregalou os olhos.Ele havia mostrado o registro de chamadas a ela com um propósito diferente!Queria que Lívia se lembrasse bem dele, saber que ele se sentiu culpado e tentou a avisar, mas não esperava que Lívia fosse tão implacável, associando isso ao momento da última ligação deles.Ou seja, quando Lívia se preocupava com ele, ele estava fazendo algo terrível com os filhos dela...- Não era minha intenção. - João rapidamente se deu conta e tentou explicar a Lívia com urgência. - Foi tudo ideia da Aurora, naquele dia...- Aquele dia será a última vez que eu te considerarei como meu pai de verdade. - Lívia fechou a mão em punho, as unhas cravando na palma da mão, falando com aparente calma a João a última advertência.Por dentro, se sentia como se estivesse sendo espetada por agulhas.Ao ouvir isso, o rosto de João empalideceu e a mão que segurava o celular tremia.Aurora já estava desfigurada e conquistar o coração de Sílvio se tornou ainda mais difícil.Isso fez João se decidi
Dizendo isso, ela lançou um rápido olhar para trás, e logo alguém trouxe um monte de suplementos nutricionais.Helena, os segurando, passou friamente ao lado de Lívia.Que irônico.Lívia observava sua silhueta, com um sorriso amargo nos lábios.Imaginava que Helena fosse parcial, mas nunca pensou que seria a esse ponto.Mesmo depois de esclarecer a questão do seu desaparecimento, Helena ainda agia como se nada tivesse acontecido!Realmente...Que coração cruel.Diante desses pais, Lívia se sentia inferior.Mas ainda assim, queria ver, ver se Helena teria um momento de arrependimento e compaixão, se voltaria para olhar ela ao menos uma vez.Então, Lívia a seguiu.Até os ver entrar no quarto de Aurora com aquele monte de suplementos, ela finalmente voltou ao seu próprio quarto.Não havia mais esperança.Afeição familiar e amor, para ela, eram as coisas mais cruéis deste mundo.Sentada à beira da cama, Lívia se lembrou da foto que Enzo a deu e sorriu amargamente.Ela não iria reconhecer S
Ficar esperando aqui não era solução.Sílvio acabaria vindo acertar as contas com ela.Lívia pensou por um momento e decidiu rasgar um pedaço de papel e escrever: “Já te tirei da lista negra no WhatsApp, pode me contactar se precisar.”Depois de escrever, ela colou o bilhete em um lugar visível, foi à farmácia pegar remédios e depois saiu do hospital.Quando Sílvio soube da mensagem, Lívia já estava longe.- O que ela quer dizer com isso? - Sílvio estava confuso.Ele sorriu, segurando o bilhete na mão e olhando para a tela do celular com um sorriso bobo, perguntou a Pedro:- Ela disse que me tirou da lista negra e que eu deveria entrar em contato com ela...Pedro pensou por um tempo:- Sr. Sílvio, eu não sei.Ele realmente não entendia o significado da atitude de Lívia.Afinal, antes de vir ao hospital, a situação estava bastante tensa.Como era que depois de um desmaio, ela agia como se nada importasse e ainda deixava um bilhete para Sílvio...Vendo que Pedro também não conseguia exp
Ele disse aquelas palavras apenas para tranquilizar Lívia.Que irônico.Ela pensava que Lívia era sua substituta, mas no final, Lívia era quem realmente ocupava o lugar do verdadeiro amor no coração dele.Mas Aurora fez tanto, como poderia aceitar tranquilamente o desfecho atual?Ela levantou os olhos, mostrando o rosto já arruinado, com um olhar de ressentimento:- Papai, mamãe. - Assim que chamou por pai e mãe, João e Helena começaram a chorar ao mesmo tempo.Helena, com dor no coração, tocou o rosto de Aurora, com as mãos tremendo:- Minha pobre Aurorinha, como... Como você ficou tão gravemente ferida?Aurora respirou fundo, olhando para eles:- Foi a irmã que fez isso comigo.João já sabia disso, mas realmente não esperava que Lívia fosse tão cruel.Não pôde evitar sentir um ódio ainda maior por Lívia:- Essa Lili! Definitivamente não parece ser filha da nossa família Lopes! Desde o início, deveríamos ter acabado com ela! Ter deixado ela morrer lá fora!Ainda permitiram que ela vol
A situação atual de operações e desenvolvimento do Grupo Duarte era extremamente estável. Contudo, Sílvio nunca foi do tipo que se contentava apenas com isso.Como responsável pelo Grupo Duarte, ele elaborou um plano de expansão detalhado e meticuloso para a empresa, embora raramente precisasse se envolver pessoalmente, exceto em algumas decisões importantes que requeriam sua supervisão.Isso significava que ele quase não precisava ir à empresa, podendo dedicar toda sua atenção a Lívia.Carlos lhe disse pela centésima vez:- Sua condição física atual realmente não é um problema. Quantas vezes mais preciso lhe dizer?Sílvio ainda se sentia inseguro:- Mas ela sempre desmaia. Já contatei o diretor do hospital dela, vocês podem realizar uma conferência e depois me prescrever alguns medicamentos.Parecia que até o diretor do hospital foi envolvido...Mas Carlos não ousava contradizer seu chefe, apenas levanta as pálpebras com surpresa:- Então, quer que eu leve os medicamentos para Lívia?
Ele finalmente foi ao apartamento com os medicamentos prescritos. Achava que Lívia já teria voltado, mas, ao perguntar ao síndico, descobriu que não houve movimentação alguma no andar dela. Onde poderia ela estar?Sem mais conseguir esperar, sentiu a urgência de vê-la o quanto antes. Após refletir, decidiu ir ao cemitério.Ele raramente visitava aquele lugar, pois cada ida trazia lembranças das lágrimas de Lívia e da dolorosa realidade de que Vitor e Alice não estavam mais neste mundo. Parecia que, se ele não fosse, poderia continuar vivendo na fantasia de que ambos ainda estavam vivos.Fingindo... Que ele e Lívia ainda aguardavam ansiosamente pela chegada dos filhos. Aquele tinha sido o período mais feliz de sua vida.Sílvio abaixou a cabeça, olhando para as próprias mãos, recordando a sensação de tê-las colocado sobre a barriga de Lívia. Um sorriso raro, em seu rosto usualmente frio, foi se formando gradualmente.Contudo, para sua surpresa, Lívia também não estava no cemitério
Assim que desceu do carro, Sílvio não perdeu tempo. Em apenas cinco minutos, ele já estava carregando várias coisas nos braços e nas mãos. Havia canja, flores, roupas e até sapatos confortáveis. As roupas que ele havia dado a Lívia na última vez foram repassadas por ela às enfermeiras do sanatório, deixando Sílvio um tanto ressentido. Ele pensava que, se Lívia usava as roupas dadas por Enzo, também deveria usar as dele, mas não sabia se conseguiria entregar os presentes de hoje.Parado na entrada do estúdio, com as coisas nas mãos, pediu que alguém anunciasse a chegada de um homem de sobrenome Duarte. Ele decidiu esperar pela permissão para entrar, querendo também reconfirmar os sentimentos de Lívia, para evitar que ele e Pedro cometessem outro erro. E, por fim, acrescentou:- A canja não tem abóbora.Desta vez, ele não ignorou os itens aos quais ela era alérgica.Lívia ficou surpresa ao ouvir o que a recepcionista lhe disse:- Um Duarte?A jovem recepcionista estava encantada pe