- A pessoa que se acidentou desta vez?Enzo respondeu:- A família Fernandes vai cuidar disso. Afinal, ele é um Fernandes, então a família vai se encarregar disso. Fique tranquilo.Um acidente de carro tão grave, mas diante do poder da família Fernandes, pareceu insignificante.Isso, ao ser analisado cuidadosamente, se tornou um tanto aterrorizante.Lívia não conseguiu evitar pensar em sua impotência diante de Sílvio.Quanto a Flávio, ela não o levava muito a sério.De qualquer forma, desde que ele não a perseguisse, estava tudo bem.E, com Enzo por perto, ela sentia que poderia manter esse irmão afastado.Para ela, a prioridade ainda era fazer Aurora pagar pelo que fez ao seus bebês.Caso contrário, ela não encontraria mais razão para viver.Se sentiria um fracasso total.Quando os bebês estavam em seu ventre, com seus corações batendo, ela não conseguiu os proteger, nem os manter.Após a morte deles, teve que suportar a humilhação de ter seus túmulos violados.Até mesmo seus restos m
Mas, naquela época, se ele não tivesse partido primeiro com Aurora, temia que as coisas escapassem do seu controle. Ele pensou que Lívia preferiria ter Enzo ao seu lado. Agora, qualquer coisa que dissesse seria demasiadamente tarde. Sílvio mergulhou novamente num mar de arrependimentos. Aurora se aproximou dele, o ferimento no rosto bem enfaixado. Graças ao socorro rápido, não deixaria cicatrizes, mas o sangue manchando a gaze ainda era chocante. Ela colocou um café na mesa e disse:- Síl, beba.Durante todos esses dias, Aurora agiu obedientemente como uma sombra silenciosa, sempre preparando seu café sem reclamações ou ressentimentos. E ele, quase sempre com ela, não conseguia imaginar como Aurora teria tempo para fazer algo contra Lívia. A única explicação seria o incidente em que Lívia foi drogada durante a gravidez. Lívia ainda não havia superado aquilo. Em nome de Lívia, Sílvio se desculpou com Aurora:- Desculpe, Lívia não fez isso de propósito, não leve para o lado pes
Sílvio disse:- Deixe assim por enquanto.Não entrar em contato com ela, não a encontrar, foi o que Lívia pediu naquele dia chuvoso.Mesmo hoje, após o grande conflito entre ela e Aurora, ele continuava respeitando o desejo dela.Esperava apenas que Lívia pudesse ficar um pouco mais feliz e superasse logo a sombra deixada por Aurora.- O quê?! - Ana colocou a câmera na mesa, sentindo a cabeça girar ao ouvir Lívia relatar os eventos do dia.Ela foi até a varanda e olhou para baixo.As luzes estavam acesas lá embaixo, a porta de correr da varanda estava fechada, impedindo de saber o que acontecia lá dentro.Ana estava enfurecida:- Isso é como cola, gruda e não sai mais! Como Aurora e Sílvio vieram morar logo abaixo de nós?Inicialmente, para os evitar, nem escolheram o apartamento que Carlos havia recomendado.No fim, após muitas voltas, ainda acabaram se encontrando aqui.Com um tom calmo, Lívia falou, seu coração inesperadamente ferido novamente naquele dia, e agora ela precisava desa
"Sabendo, mas perguntando assim mesmo." Cinco palavras simples, mas que expressavam todo o amargor no coração de Lívia.- Hoje, pretendia morrer junto com Aurora, por isso comprei uma faca de frutas e até mesmo arranhei seu rosto. Estive tão perto, quase atingi sua artéria principal... - Quando Lívia disse isso, não demonstrou nenhum sinal de medo ou arrependimento.Ela sentia apenas remorso.Remorso por nunca ter feito algo tão cruel antes. Na hora de agir, hesitou, perdendo a chance de cravar a faca no pescoço de Aurora com determinação!Ao ouvir isso, Ana ficou instantaneamente angustiada. - Lili... Hoje, você deveria ter me procurado primeiro.Ela não podia ficar sozinha depois de algo assim.- Consigo lidar com isso sozinha. - Lívia olhou para ela e, puxando ela de volta da porta, falou seriamente. - Mesmo que estivesse aqui, não te chamaria para fazer nada comigo. Você absolutamente não pode se machucar.Até mesmo a presença de Ana faria Lívia hesitar.Porque temia que Aurora
Até pouco tempo atrás, ela dizia que desejava que se casassem logo.Só hoje, Lívia percebeu quanta dor essa realidade poderia trazer.A dor não estava no fato de se casarem, mas sim... Essa situação mostrou a Lívia que Sílvio realmente não se importava com ela.Então, consequentemente, não importava em que situação os bebês estivessem.Isso explicava por que, depois de tudo o que aconteceu hoje, Sílvio nem sequer perguntou o motivo.Ele não se importava com nada relacionado a ela.Pensando nisso, a cor dos lábios de Lívia empalideceu.- Vamos voltar.Ela puxou Ana de volta para o quarto.- Mesmo que Sílvio favoreça Aurora sem qualquer razão, não importa. - Suas longas pestanas baixaram, escondendo suas emoções. - Desta vez, não vou deixar Aurora escapar facilmente.Quando o objetivo de alguém era tão intenso, era quando ela não temia mais nada.- O que você vai fazer? - Perguntou Ana, preocupada.- Você saberá na hora certa. - Lívia claramente não queria falar mais sobre isso.Ana, no
A ferida no rosto de Aurora parecia doer mais do que antes. Mas, mesmo assim, ela mantinha um sorriso.- Isso é bom, eu estava preocupada que minha irmã ficasse chateada com esse título.Agora, Aurora evitava falar demais, temendo que Sílvio percebesse sua farsa. Algumas coisas e palavras deviam ser mencionadas apenas brevemente.- Aliás - Disse Sílvio, aparentemente sem dar muita importância ao assunto - Hoje Lívia veio te procurar. Tem certeza de que não fez nada para irritar ela?Parecia que Sílvio realmente não sabia sobre a questão do túmulo. Aurora sentiu um lampejo de orgulho em seu coração e até agradeceu a Lívia por ter agido diretamente contra ela naquele dia. Do contrário, se uma discussão verbal começasse, Sílvio poderia se voltar contra ela!Lívia estava colhendo o que plantou.Com um sorriso travesso, Aurora disse:- Nós nem nos vimos hoje e, agora que não estamos na mesma empresa, mesmo que eu quisesse, não teria oportunidade de incomodar minha irmã.Era raro Aurora
Claramente carregado de emoção!Embora aquela mulher tivesse claramente simulado a queda, ele, cego por suas ilusões, não percebeu e ainda a ajudou como se ela fosse um tesouro.- Você viu? Depois que ele ajudou a Aurora a se levantar, o jeito como ele olhava para ela, diretamente nos olhos, era realmente repugnante!A imagem de Sílvio se deteriorava cada vez mais no coração de Ana.Quando Carlos soube disso, tentou explicar várias vezes, mas não encontrava as palavras certas.Às vezes, nem ele próprio entendia o que Sílvio pensava, mas já não podia fazer nada, pois agora tinha seus próprios problemas.- O que é essa aliança na sua mão? - Ana falou incessantemente e ele ficou ali, atordoado, sem a intenção de acalmar ela como antes.Ela começou a se preocupar.- Houve um problema no hospital?Ela ouviu que o hospital estava em caos e sempre temia que Carlos se envolvesse em algum processo.Carlos a abraçou levemente.- Você está pensando demais, mesmo que haja problemas no hospital, el
As palavras tocaram Lívia.Ela imediatamente suspeitou que Ana tivera um desentendimento com Carlos.- Não se trata de estarmos em mundos diferentes por causa da posição social, mas sim dos sentimentos que um tem pelo outro.Assim como ela e Sílvio, antes de Aurora aparecer, eles se entendiam muito bem, sem barreiras ou conflitos.Lívia nunca pensou sobre a questão da posição social.Mas, com a chegada de Aurora, parecia que muitos obstáculos surgiram do nada e as pessoas que antes a respeitavam passaram a rir dela por ser a filha rejeitada da família Lopes.Até os servos da família Duarte achavam que ela não era digna de Sílvio.Mas será que esses olhares mundanos existiam apenas recentemente?Não.Desde o dia em que se casou com Sílvio, essas diferenças já existiam.Mas quando estavam apaixonados, nada disso importava.No entanto, assim que um deles recuava, tudo se tornava um obstáculo, especialmente quando havia uma grande disparidade nas origens familiares.Pensando em sua própria