O coração de Enzo pareceu saltar uma batida.Lívia, que nunca havia falado com ele nesse tom, muito menos buscado a sua ajuda, agora estava ao telefone.Sua resposta, até então, sempre havia sido clara em seus atos de manter distância.No entanto, ele seguia esperançoso, se recusando a desistir.Ao ouvir Lívia falar dessa forma, a princípio ele pensou ter entendido mal.Só após confirmar que era realmente Lívia ao telefone, se acalmou, encaixou o celular entre a orelha e o ombro, descartou as luvas ensanguentadas após atender um paciente e respondeu:- Fale.Lívia, ouvindo essa resposta, soube que podia contar com ele.- Admito que tenho sido desprezível, sempre tentando te rejeitar, mas ainda assim... Estou pedindo sua ajuda. - Ela respirou fundo, sem nunca expor suas emoções mais vulneráveis.Ela permaneceu calma do início ao fim.Tão serena que fez Enzo acreditar que algo grave havia acontecido.Antes que ele pudesse perguntar, Lívia disse com voz firme:- Enzo, preciso de ajuda. O
Lívia não respondeu a ele, apenas disse:- Um último favor, encontre o endereço de Aurora para mim.Enzo desligou o telefone, se sentindo um pouco ansioso.O dia havia sido súbito, ele tinha vários turnos no hospital e não podia simplesmente abandonar os pacientes que necessitavam de cuidados.No entanto, se algo realmente acontecesse a Lívia...Não era momento para imprudências, o objetivo principal de Enzo era assegurar a segurança de Lívia.Por isso, ele contatou Sílvio.Sua mensagem foi direta:- Eu sei o que você fez a mim e a Lívia. Honestamente, não entendo seus motivos, mas se você tem um mínimo de afeição por Lívia, por favor, vá agora até ela, pois ela pode estar em perigo.Sílvio, confuso, não nutria simpatia por Enzo.Mas insistiu em não desligar:- O que você está dizendo?A casa de Lívia ficava ao lado da de Carlos.Se houvesse algum perigo, Carlos já o teria informado e não Enzo.Enquanto isso, um paciente de alto risco chegava ao pronto-socorro.Enzo não teve tempo para
Naquele dia chuvoso, a sensação de ser atingida por um golpe pelas costas, enquanto ela se protegia na frente dele, retornou.Parecia que seu sangue havia cessado seu fluxo.Seu coração estava pesado, sua mente, oprimida.Algumas coisas eram diferentes quando apenas pensadas e quando eram vistas com os próprios olhos.Ela havia dito antes que esperava que ele se casasse com Aurora, desejando que Sílvio reagisse, que ficasse furioso ao ponto de se exaltar, ou até que a agarrasse pelo pescoço com ira, dizendo para ela não falar asneiras!Mas ele não proferiu uma palavra em sua defesa.Ele amava aquela mulher profundamente.Mas seu coração já não sentia mais dor.Ela estava anestesiada.Agora, ela só desejava encontrar Aurora.E então... Matar ela!Esperar, suportar, ela não suportava mais esperar.Aurora, essa mulher, era insuportavelmente insolente!Ela precisava fazer com que ela pagasse ainda hoje!Lívia andava tão rápido quanto se estivesse voando, seus olhos e expressões eram severo
Um tapa voou e a testa de Aurora bateu com força na porta, agravando a dor que tornava sua voz já estridente semelhante à de um corvo:- Irmã!Lívia a esbofeteou dos dois lados:- Não me chame de irmã.Ela sentia repulsa.Não podia ter uma irmã assim!"Misturar as cinzas na terra para que flores cresçam na primavera?"Lívia sacou a faca e a pressionou contra o braço de Aurora:- Não pensei que você se entregaria tão rapidamente.Lívia, ao imaginar os túmulos de seus bebês sendo violados por Aurora e as cinzas espalhadas na água da chuva, sentia uma dor no coração tão aguda que quase não conseguia respirar.Ela controlou o tremor em suas mãos e disse com sinceridade:- Mas isso também é bom, poupa nosso tempo.Enquanto falava, a faca de frutas já cortava lentamente o braço de Aurora.Ela faria Aurora entender rapidamente o que era perder um ente querido!Aurora não esperava que Lívia agisse de maneira tão bruta e direta, e por um instante, ficou paralisada.Ela queria ver Lívia desmoron
A indiferença na voz dela fez o coração dele tremer.Sílvio ouviu com clareza, ela não o chamava de marido.Nem de ex-marido.Nem de amigo.Era um distante e claro "Sr. Sílvio".Ela o encarava friamente e, indiferente ao sangue em seu próprio corpo, perguntou calmamente:- Você sabe o que essa mulher que você abraça fez?Sílvio não sabia e também não queria saber!Tudo em sua mente era que Lívia não deveria se tornar assim!Se fosse por causa dele e de Aurora, que levaram Lívia a este estado lamentável, por que ele não poderia afastar Aurora dela?Ela se arruinar por eles não valia a pena!Seus sentimentos eram complexos. Ao erguer a cabeça e olhar para Lívia, ele escondia todas as suas emoções, falando de maneira calma e contida:- Não importa o que Aurora tenha feito.Ele só se preocupava com Lívia.Mas agora, estava claro que algo estava errado com o estado emocional de Lívia.Sílvio franziu a testa e, reprimindo a preocupação em seus olhos, disse a Lívia:- Não seria melhor você se
Maldição!Embora Lívia e Sílvio estivessem divorciados, Pedro ainda a tratava por senhora. Era evidente a origem dessa instrução.Aurora, de propósito, respondeu como se estivesse reagindo a Pedro a chamando de senhora.Mas também parecia se queixar da dor em seu ferimento:- Síl, meu rosto ficará desfigurado?Foi aí que Sílvio se virou para observar Aurora de verdade.A intensidade do golpe de Lívia não foi leve.A garganta de Aurora já estava comprometida e ela perdeu a capacidade de gerar filhos. Se até seu rosto fosse desfigurado...Sílvio sentiu uma espécie de compaixão.A seu ver, pelo que ocorreu com os bebês, Auroja já havia sido punida o suficiente e a explosão inesperada de Lívia realmente carecia de justificativa.Ele queria dialogar seriamente com ela, mas, ao ver a expressão de Lívia e o desprezo em seus olhos, além de recordar as palavras definitivas que ela pronunciara na chuva, compreendeu que Lívia provavelmente não desejava conversar.Refletindo sobre o relacionamen
Será que, desta forma, Sílvio e Aurora ficariam em paz?Lívia sorriu amargamente, se sentindo como uma piada nestes três anos.Até a Lívia de um mês atrás, ansiosa pela chegada dos bebês e pela felicidade familiar ao lado de Sílvio, parecia uma ilusão!Será que Sílvio realmente se importava com os bebês?Não, ele não se importava!Ele sempre se preocupou apenas com Aurora.Isso era revoltante.Por causa dele, ela não conseguiu nem mesmo eliminar Aurora.E ainda...Eles já se referiam um ao outro como noivos.No futuro, seria ainda mais difícil lidar com Aurora.Lívia suspirou, sem entender por que era tão complicado buscar justiça para seus filhos.- Pedro. - Ela ergueu a cabeça subitamente.Pedro, surpreso, respondeu respeitosamente:- Sim, senhora?- Enzo é um homem competente?Ela sabia pouco sobre ele, apenas que Enzo era médico, da família Fernandes e irmão da atriz Bianca. Mas não muito mais.Pedro pensou por um momento, inicialmente queria dizer que Enzo certamente não era tão
Ao ouvir essa frase, Enzo claramente não se mostrou satisfeito. - Claro que fui eu quem se declarou. Seria Lívia quem me perseguiria? Ele nunca gostou de entrar em discussões, mas, em se tratando de assuntos relacionados a Lívia, não tolerava a menor difamação.Enquanto falava, lançava um olhar de advertência a Pedro. - Lívia já se divorciou de Sílvio. O direito ao amor livre deveria existir, não é?Pedro sentiu um sobressalto no coração.Ele subestimou a situação.Enzo, apesar de aparentar gentileza, era alguém com quem não se devia mexer.Não era à toa que ele era um membro da família Fernandes. Aquele olhar fez Pedro sentir uma espécie de culpa.Ele não estava enganado, Enzo era realmente uma pessoa formidável.Isso também significava que ele tinha qualificações suficientes para ser um oponente do senhor.Pedro tentou se explicar instintivamente, mas o choque em seu coração ainda era palpável. - Não foi isso que eu quis dizer, já que o Sr. Enzo chegou, vou me retirar.Ele preci