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Passei o dia trabalhando no Cutty sem deixar de me lembrar do constrangimento da noite anterior. Nem mesmo ter sabido que a Marine tinha voltado para casa sozinha foi suficiente para diminuir a minha angústia.Já era noite quando ouvi meu nome aos gritos:– Giulio!... Giulio!!

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Enzo ficaria mais alguns dias no hospital sob observação. Ele tinha sido severamente castigado com socos no rosto. Havia sofrido um traumatismo craniano e por pouco não tinha havido consequências mais graves. Quando recuperou a consciência nos contou que estava dando uma merecida surra no Buzano quando os capangas do Athos o agrediram e o levaram para a mansão abandonada. A intenção era amedrontar todos aqueles que defendiam o Almirante, além de dar uma lição no garoto que havia seduzido a Gisele. Todos estavam apr

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Embora tivesse dormido pouco e mal, acordei aliviado da noite haver terminado. Foi uma sucessão de pesadelos e sustos que só pioraram a ressaca que tinha começado cedo. Imagens ruins continuavam a rondar minha cabeça e o aperto do coração continuava. Acordei na cama do João e com o Estopa dormindo aos meus pés.O quarto era minúsculo. Cama em um canto, banheiro no outro e uma mistura de cozinha e escritório no meio. A parede havia sido pintada com uma tinta brilhante reaproveitada daquela que se pintavam a maioria dos ca

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Os dias seguintes ao funeral foram de profundo luto e sentimento de vazio. O Iate não era o mesmo sem a liderança do João Badejo; marinheiro experiente e líder da comunidade local. Aos poucos as atividades da marina foram distribuídas entre os outros funcionários e Aldo passou a ser o chefe geral. Muito a contragosto, o italiano delegou os serviços de mecânica para seu ajudante e passou a coordenar as outras tarefas que antes eram do administrador e amigo.Enzo passou a morar no barraco e foi assumido pelo Estopa como novo companheiro.

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Passei a manhã terminando de pintar o casco com tinta branca, uma vez que a última demão de tinta venenosa já tinha sido feita pelo Aldo, há alguns dias. Esta tarefa me lembrou do marginal que tinha sido moço de convés do Kamilah, o mesmo que tentou plantou a cocaína para nos prejudicar. A lembrança veio do seu apelido: Buzano, o crustáceo que se agarra ao fundo das embarcações e fura até mesmo o revestimento de fibra de vidro. Na verdade se parece muito com um verme, assim como o rapaz mau caráter bastante conhecido por aqui.

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Assim que terminei a manobra de atracação, o iate clube foi tomado por, pelo menos, uma dúzia de carros da polícia. A maioria com o giroflex ligado e guarnição completa. Homens e mulheres de coletes negros com a inscrição em amarelo nas costas identificando sua unidade. A operação era enorme; não só policiais federais, mas também da polícia civil estadual e da receita federal. Eu já estava quase me acostumando com isso.Quando o Kamilah enco

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A ação da noite anterior foi extenuante. Admito ter sido um choque descobrir que o Samir era um criminoso. A todo o momento me vinham imagens das cartas de tarô viradas pela Paula antes de partir. As previsões me alertavam sobre uma traição e morte, mas ainda não ficou claro de quem veio a traição. Eu gostava do Samir, mas não o considerava amigo o suficiente para dizer que ele havia traído a minha confiança. No entanto, o caso inteiro estava repleto de traições e desonestidade.

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Os dias seguintes foram preenchidos pela divulgação da história surpreendente de um crime que havia se iniciado há mais de vinte e cinco anos. Pessoas comentavam discretamente pelos cantos do Iate Clube, mas não conseguiam esconder a expressão atônita ao saber os detalhes sórdidos do caso.Um rato de beira de cais assassinou João Badejo, um ídolo nativo e notável companheiro de todos. A ganância e a inveja haviam se unido à violência e manchado de sangue aquela bela região. Dois dias depoi