Escrevi mais um pouco até começar a ventar e chover bastante. A tarde escureceu como uma noite. Davam medo os raios e trovões. Nunca tinha visto uma tempestade tão forte, parecia que a casa ia cair. Quando acabou a energia, acendi uma vela e fui direto para o quarto onde estava o Giulio.
Ele estava acordado pensativo. Fiquei ali olhando para ele com uma vontade louca de me entregar para todos os desejos dele. Mas não fazia ideia como fazer isso sem parecer vulgar. Já estava sonhando alto, queria viver perto dele para sempre. Tudo tinha acontecido muito rápido. Confesso não saber c
9Meio da noite“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”Luís de Camões Abri os olhos e lembrei onde estava. A suavidade das suas coxas era o carinho que eu aceitaria para sempre. Ainda sentia seu gosto suave quando resolvi deixá-la descansar o resto da tarde. Saí do quarto e fui preparar um café fresco. Não conseguia esquecer a alegria dela se entregando para mim. Senti a confiança depositada em alguém que ela não conhecia bem e intuitivamente sabia que jamais a decepcionar
10O Treinamento“Coragem não é ausência de medo, mas julgar que outra coisa é mais importante do que o medo“Ambrose Redmoon A adrenalina já havia começado a surtir efeito. A ansiedade aumentava quanto mais nos aproximávamos do campo de treinamento. O Centro Nacional de Paraquedismo é uma área preparada especialmente para a prática deste esporte. Eu e minha equipe estávamos treinando visando o próximo campeonato nacional de trabalho relativo e precisão de pouso. Partimos para lá na sexta-feira e chegamos pela manhã de sábado. O ônibus fretado esperaria e nos traria de volta para casa no domingo à noite.
Diário da KarinDia 3 – 4:00hDespertei no meio da madrugada com o Giulio falando alto. Demorei a entender que estava delirando ou tendo um pesadelo. Quando olhei para ele percebi que estava apoiado sobre o braço ferido. O efeito do analgésico passou e naquela posição o ferimento devia estar doendo. Acordei-o para poder ser medicado novamente. De fato, foi o que eu pensei. Contou do seu pesadelo com uma de suas aventuras no paraquedismo. Justamente aquela na qual tinha machucado o ombro. A dor do braço remeteu a recordação daquele acidente. Uma hist&o
11Pela manhã“O desejo é fruto de um conhecimento insuficiente”Thomas Mann Embora essa madrugada tenha sido de sonhos e pesadelos, eu estava muito feliz. Nem mesmo a manhã chuvosa diminuiu minha alegria de acordar ao seu lado. A massagem que fiz nela, e seu desfecho, prometiam muito mais sensualidade e romance. Não havia mais receio de parecer vulgar. Ela soube que muito do meu desejo era vê-la sentir prazer. Nada seria pecado e nem proibido. Levantei da cama com cuidado e fui para a sala ler um pouco. Estava me sentindo bem melhor quanto aos ferimentos. Fiquei um bom tempo ali perdido em minhas lembranças e suspiros. L
Diário da KarinDia 3 – 10:00hDepois de atender o Giulio, dormi e tive um sonho maravilhoso. Sonhei que estávamos em um jantar de família, eu, ele e nossos filhos. Ríamos bastante e em determinado momento ele pediu a palavra e fez um discurso contando nossa história. Ao final, se dirigindo aos nossos filhos, perguntou se eles se importariam em juntar as duas famílias. Os quatro aplaudiram aprovando, e eu só chorava de emoção. Até poucos dias atrás eu ficaria contente com esta mesma cena, porém com outro personagem. J&aacut
12Creme doceVós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.Victor Hugo Logo depois escutei o barulho que vinha da copa. Imaginei ser o tilintar de taças ou algo semelhante. A porta da geladeira abrindo e fechando já me indicava que ela estava com fome. Portas de armário abrindo e fechando. Mais sons de talheres e lida na cozinha. Os segundos se arrastavam. Aquela espera me deixava angustiado. Ela entrou no quarto usando apenas um roupão felpudo desamarrado. Cortina entreaberta. Pelo brilho, percebi que sua pele ainda estava úmida. Segurava duas taças de champanhe na mão e uma tig
Diário da KarinDia 3 – 12:00hSaí sem me enxugar usando apenas meu roupão macio. Preparei um creme de morango e servi duas taças de champagne. Ele não estava mais na sala quando fui servir. Fui para o quarto e lá estava ele com aquele olhar safado que me deixava com vergonha e excitada. Depois de tomar meia garrafa e os acontecimentos de ontem, qualquer pudor de minha parte seria hipocrisia. Fiquei nua sabendo que ele responderia à minha provocação. Ele me chamou para cama, mas eu esperei ele me olhar bastante antes. Aqueles olhos verdes me admirando foram os melhores elogios que eu já recebi. Pode ser só impressão, mas acho que ele gosta bastante de mim. Por fora parece um cara durão que não se apaixona fá
13A mensagem“O destino quis que a gente se achasse, na mesma estrofe e na mesma classe, no mesmo verso e na mesma frase”Paulo LeminskiEla saiu da banheira, vestiu seu roupão felpudo e foi escovando o cabelo até a sala. Eu fiquei ainda um pouco mais, relaxando na água morna. Um pouco antes de sair, percebi que o curativo precisaria ser trocado. Ao chegar à sala, ela já tinha previsto o fato e preparava o material para os cuidados comigo. Gaze, antisséptico, esparadrapo e tesoura. Com prática e habilidade ela fez o novo curativo sem antes deixar de observar a boa cicatrização do ferimento. Quanto