Tiana estava adormecida em uma poltrona velha no canto do quarto, Feyre ressonava, já haviam se passado quase dois dias com a morena desacordada, Soraya media novamente o pulso da Fortnight, as bolsas escuras contornavam os olhos e o cansaço a fazia sentir leves tremores, havia feito um pequeno corte no dedo durante a noite, sempre que o cansaço parecia vencer a rosada o apertava fazendo com que a dor a despertasse, Feyre precisava de si naquele momento e a rosada se recusava a perder qualquer pessoa que dependesse de si e Feyre se tratava de algo bem maior. A Fortnight não tinha mais febre, porém o corte precisava de cuidados especiais.
— Ficarei com ela. – A voz era rouca e ela sabia que não era um pedido. Ethan só saía de perto da morena para cuidar dos filhos.
— Preci
Hana era um bebê suave, tão calmo quanto uma brisa leve em um campo florido, mas a brisa vinha carregada do odor ocre de sangue. A guerra que começara apenas com a intenção de liberdade tomara proporções enormes, escravagistas invadiam terras que não lhes pertenciam e os senhores das terras começaram a revidar. Os homens de Alejandro eram solicitados diariamente para tentar resolver as brigas que aconteciam do outro lado os homens lutavam contra os escravos, diariamente. Storm e Lupin haviam partido para o norte e estavam ilhados perto de Sandara. De alguma maneira Taramir havia colocado seus homens nas estradas impedindo que fossem para qualquer lugar a não ser a floresta, com as crianças ir por esse caminho seria uma sentença de morte, os cuidados necessários deixariam o grupo sem qualquer tipo de proteção, Ethan e Sorion particip
Talvez o deserto fosse mesmo uma terra amaldiçoada onde a areia consumia a tudo e todos, talvez fosse mesmo um sepulcro para os mais fracos e se alimentasse do sangue de toda aquela gente que morria lutando por liberdade, mas Elion ainda amava o deserto. Amava o povo que ali vivia e aprendera a lutar por cada um de seu povo, não por ser o rei, mas por ter podido lutar ao lado de todos aqueles a quem tanto respeitava, a quem devia tanto. Ethan, Sorion, Storm, Lupin... todos lhe ensinaram e cada um a seu modo contribuiu para que ele se tornasse um príncipe melhor, um homem, um pai e um amigo. Alguém que passara realmente a acreditar que as pessoas podem lutar por um bem em comum, que as pessoas podem se arriscar umas pelas outras, que as pessoas podiam amar independente de laços sanguíneos.— Não posso pedir que fique. &nda
Elion sentiu a pele rasgar abaixo das costelas, a dor veio forte porém sua espada foi certeira no contra-ataque e logo outra pessoa do exército inimigo estava morta, um dos joelhos foi ao chão enquanto rapidamente amarrava a armadura estancando o sangue que descia do corpo, os olhos do homem que acabara de matar lhe encaravam, sem vida, eram escuros e opacos, o rosto era ainda tão jovem e pensar que uma mãe perdia um filho naquele momento o fez sentir-se mal. A guerra não havia lado, as pessoas morriam de todas as partes e a morte não se importava com idade, cor, rosto ou crença. A morte os pegava pelos braços e carregavam sem pudor algum, talvez mesmo cansada em meio a matança que acontecia nos últimos anos.— Levante-se. – A voz de Ethan veio seca e grave. – Um rei não tem dúvidas.<
Ouviu o barulho antes de dar-se conta do grilhão que passara a centímetros de si, resmungou baixo e o homem virou a cabeça de lado como um animal que tenta compreender quando humanos falam, Lupin sentiu a primeira fisgada na perna dando-se conta da dor que começara a surgir ali, o cérebro consegue nos enganar quanto as nossas próprias necessidades. O monstro que em algum momento em sua vida havia sido um homem se virou novamente derrubando homens do próprio exército esmagando-os com o próprio corpo, uma estava de ferro ao seu lado chamou sua atenção e ele a pegou fazendo com que ao seu redor os homens recuassem, alguns correram.Storm olhou ao redor e imaginou o que viria, desviou o olhar concentrando-se na luta a sua frente, Ethan não estava a vista, mas sabia que ele iria atrás de Taramir e não importava qua
O baque contra o escudo de Taramir fora alto, o general preparara o contra ataque, mas Ethan era mais rápido, se desvencilhara abaixando-se e acertando a perna do homem que quase não sofrera dano dada a armadura que usava, porém Taramir mancou se afastando empunhando a espada em direção ao loiro que o encarava ferozmente.— Luta como um animal. – Falou sorrindo.— E você me parece uma presa. – Ethan respondeu girando a espada em tom de provocação, sabia que o pior inimigo no campo de batalha era a raiva, o ataque descontrolado poderia causar a morte. – Alejandro não tinha muitas opções? Sinceramente, achei que para ser general de um exército deveria ser no mínimo bom.Taramir ainda so
Feyre olhava para o pequeno Boyce, os traços do filho eram tão iguais aos do pai, mas eram suaves como os seus, isso se devia a escravidão, ao tempo em que era um gladiador e principalmente a guerra, Ethan havia endurecido até sua alma enquanto lutava nas arenas e nos momentos únicos em que tinham é que ela podia ver a alma alegre e brilhante que o loiro possuía a morena se sentia mal, sentia a culpa de um mundo que era capaz de quebrar a alma de alguém. O menino sorriu para a pequena amiga Spell e Feyre sentiu um aperto em seu peito, como seria sua vida se Ethan não estivesse mais nela? Seria capaz de não culpar as pessoas que acreditavam ser melhores que eles? Seria capaz de olhar o mundo com os mesmos olhos sabendo que havia tanta injustiça, tanta indiferença e tanta maldade? Como poderia ensinar Boyce e Hana a serem bons com os outros se o pai deles m
Escuridão.Tudo o quê sentia por dentro era um vazio que ninguém poderia preencher, o corpo de Ethan estava gelado e a pele antes bronzeada era pálida e sem vida, como ele. Ela passou a mão no rosto do amado e sentiu as lágrimas descerem novamente, sentia como se um pedaço de si tivesse ido embora com ele, era como se tudo tivesse acabado e ela não quisesse sair dali. O coração estava apertado e seus músculos doíam. Podia escutar o choro de Boyce e queria acalentar o filho, queria pegá-lo no colo e ninar para que ele dormisse sem sentir a falta do pai, mas não queria se despedir de Ethan. Embrenhou os dedos pelos fios loiros sentindo-os contra a pele uma última vez, lembrou de soltar o ar que prendia trazendo uma nova onda de choro, Hana chorava ao longe e ela não tinha forças pra segurar sua filha
Sorion sorriu, colocou a mão sobre os olhos como se estivesse exausto, e estava, o encarou antes de caminhar até o amigo e o abraçar em silêncio, um gesto raro da parte do Spell sempre tão reservado e sisudo. Ethan franziu o cenho entendendo em partes, sabia que havia se machucado e chegou a pensar que estava morto, acordar ali significava que devia ter desmaiado.—Se fizer isso novamente eu termino o quê Taramir começou. – Sorion falou se recompondo e o semblante de Ethan se fechou, ao acordar percebera que estava em casa, mas se ele estava vivo significava que aquele maldito também poderia e estaria atrás de Feyre, o estalo o fez se levantar rápido o bastante para ficar tonto, o Spell praticamente o empurrou de volta a cama. – Ele morreu, você abriu um buraco no maldito. Nós ganhamos.— Você tem certeza? – Ethan estava arredio, conhecia a