Os dias passaram e Laura se encontrava cada vez mais imersa na persona de Isla. Dentro do reality, suas interações com Andrew eram naturais, quase como se a personagem tivesse ganhado vida própria. No início, ela se justificava dizendo que estava apenas interpretando bem, mas fora das câmeras, as coisas começaram a mudar.
Seus gestos ficaram mais suaves, sua postura mais alinhada. O sotaque que antes surgia apenas sob os holofotes começava a aparecer em conversas informais. Sem perceber, Laura respondia aos colegas de produção como Isla. Quando ria, inclinava a cabeça do mesmo jeito, e até sua assinatura nos papéis da produção trazia uma curvatura semelhante à que Isla usava nos bilhetes fictícios para Andrew.
Rafael foi o primeiro a notar. Ele observava Laura nos bastidores, seu olhar atento capturando cada pequena mudança. Uma tarde, enquanto ela ajus
A presença magnética de Isla não passava despercebida pelos fãs do reality. Sua personalidade, seu jeito enigmático e a relação aparentemente genuína com Andrew haviam conquistado o público, mas, fora das câmeras, ela parecia desaparecer como um fantasma.Os comentários começaram a surgir nas redes sociais.— Por que Isla nunca aparece fora das gravações? — questionava um fã em uma postagem que logo viralizou.— Alguém mais acha estranho que nunca a vemos nos bastidores ou em momentos descontraídos? — outro comentou.Os rumores começaram a crescer. Alguns fãs especulavam que Isla era tímida, enquanto outros acreditavam que ela estava evitando as outras participantes de propósito. Mas os mais atentos começaram a levantar hipóteses mais ousadas.— Será que Isla t
Laura sabia que precisava agir rápido para proteger o segredo de Isla enquanto satisfazia a curiosidade do público. Com a ajuda de Rafael, ela começou a construir uma nova estratégia. Começaria a aparecer sutilmente em locais públicos, mantendo o mistério, mas também criando um ar de acessibilidade que acalmasse os fãs.Naquela manhã, ela tirou algumas fotos em sua casa, sempre cuidadosa para não mostrar o rosto. Uma xícara de café em uma janela com vista para o horizonte de São Paulo, suas mãos segurando um livro em uma poltrona aconchegante, ou o detalhe de seus pés enquanto caminhava por ruas de paralelepípedos. Rafael ajudava a organizar as imagens e publicá-las nas redes sociais da produção do reality com legendas simples como:"Momentos fora do set, mas sempre no personagem."A estratégia funcionou tempor
A revelação de que o "homem do café" era Rafael, o figurinista do reality, pegou a produção de surpresa, mas também os encheu de ideias. Rafael, com sua beleza magnética e uma presença que parava qualquer conversa, era o tipo de pessoa que não passava despercebida. Alto, de pele dourada como se tivesse sido moldada pelo sol, ele tinha cabelos negros ligeiramente ondulados que caíam sobre a testa de forma quase descuidada. Seus olhos eram de um castanho profundo, intensos como uma noite sem luar, e seus traços eram perfeitos como os de uma escultura renascentista. Sua postura era descontraída, mas exalava confiança, como alguém que sabia o impacto que causava. Mesmo quando estava apenas ajustando um figurino ou conversando nos bastidores, Rafael parecia iluminar o ambiente. A voz grave e sedutora completava o pacote, atraindo atenção sem esforço.
A decisão de envolver Rafael no reality começou com uma transformação completa. A produção, percebendo o potencial midiático dele, decidiu investir pesado em sua imagem. Rafael, que até então mantinha o visual casual e funcional de um figurinista e maquiador, foi repaginado com o objetivo de maximizar sua presença diante das câmeras. Ele apareceu no set com um terno perfeitamente ajustado, em um tom de azul-escuro que destacava sua pele dourada e os olhos profundos. O corte elegante realçava sua postura imponente, e o cabelo, levemente bagunçado com um ar proposital, fazia parecer que ele havia saído diretamente de uma capa de revista. Rafael estava deslumbrante, e até mesmo a equipe de bastidores ficou impressionada com o resultado. — Ele poderia ser uma estrela por conta própria — sussurrou uma das maquiadoras para um colega.
Nos dias seguintes, a dinâmica entre Laura e Rafael começou a mudar de maneira mais perceptível. Antes, eles compartilhavam uma amizade descontraída, mas agora Rafael estava cada vez mais consciente dos próprios sentimentos por Laura, o que o fazia se comportar de forma diferente. Ele a olhava de maneira mais intensa, e as conversas que antes eram leves e engraçadas passaram a ser carregadas de uma tensão que ele não sabia como lidar. Ele tentava disfarçar, fazendo piadas e mantendo o tom irreverente, mas algo em sua postura deixava claro que ele não conseguia mais manter as coisas no nível de amizade simples que tinham antes.Laura, por sua vez, começou a perceber que a relação entre eles estava mudando, mas de uma forma que ela não conseguia entender completamente. Ela ainda o via como o amigo com quem dividia risadas e confidências, mas havia algo mais em seus olha
O clima dentro do reality estava cada vez mais tenso. O jogo de sedução e tensão emocional entre os participantes havia alcançado um novo nível, e Laura, agora totalmente imersa na persona de Isla, lutava para manter sua posição entre as três favoritas de Andrew. Ela sabia que a cada dia que passava, a linha entre quem ela realmente era e a personagem que criara estava ficando mais borrada. O jogo não era apenas sobre agradar Andrew; era sobre sobreviver a cada nova dinâmica, a cada novo desafio.Em uma pausa das gravações, enquanto todos estavam dispersos nos bastidores, Andrew procurou por Isla no camarim. O set estava vazio, e a luz suave que entrava pelas janelas da sala criou uma atmosfera que parecia mais íntima do que qualquer outra coisa até ali. Quando ela entrou no camarim, não esperava ser recebida com uma sensação de tensão tão palp&aa
Laura sentiu o coração disparar, o ar lhe faltou de repente. Ela queria se esconder, mas estava paralisada, sem saber o que fazer. A verdade estava lá, exposta de uma forma tão direta, tão indiscutível. Ela sabia que esse momento tinha chegado, e, ao mesmo tempo, não sabia como enfrentá-lo.Andrew olhou para o vídeo por um momento longo demais, e, finalmente, desligou o tablet com um movimento brusco. Seus olhos se voltaram para ela, mais confusos do que nunca, a dor evidente no fundo de seu olhar.— Laura… — ele murmurou, como se tentasse entender o que estava acontecendo. — Isso é… você?Ela não sabia o que responder. As palavras pareciam ter fugido dela, presas em sua garganta. Ela se sentiu nua diante dele, exposta de uma forma que jamais imaginou ser possível. O que ela poderia dizer? Como explicaria tudo, quando nem ela mesma tinha mais
Andrew caminhou pelas ruas de São Paulo sem rumo, as luzes da cidade borrando diante de seus olhos turvos. Cada passo parecia pesar mais do que o anterior. O peso da descoberta sobre Laura—ou melhor, sobre Isla—era esmagador. Ele sentia como se tivesse sido enganado, não só pelo jogo, mas por ela. Durante todo esse tempo, ele acreditou nela, acreditou na história que ela havia criado. A frustração e a raiva o consumiam, mas havia algo mais, algo mais profundo, que ele não sabia como lidar.Chegou a um bar discreto, quase escondido no meio da rua, onde ninguém o reconheceria. Sem dar importância ao ambiente, Andrew entrou e se sentou no balcão, pedindo um whisky. O primeiro gole desceu queimando sua garganta, e ele sentiu o alívio imediato, uma sensação de apagamento temporário. Mas, no fundo, ele sabia que a dor que sentia não poderia ser afogada dessa forma. Ma