Há um ano atrás tudo mudou, quero acreditar que foi para melhor, a amizade com Motka nem sequer me determinou, tenho novos amigos, tornei-me um pouco mais sociável.

Hoje é o meu 12º aniversário, dentro de um mês Kira fará 16 anos e é a sua primeira transformação, é emocionante ver como estão a preparar tudo para esse dia, sei que nada disso vai ser feito por mim em nada que tenha a ver comigo, normalmente nem sequer se lembram, só espero que este ano não me façam passar um mau bocado ou digam algo que me doa, durante toda a noite eu estava a atirar e a virar-me na cama, não conseguia dormir, sinto uma pressão no peito, apetece-me chorar, como se me fossem dar más notícias.

Bela acorda - ouço uma chamada à distância-Bela acorda agora sinto-me como se estivesse a ser movido, abro os olhos lentamente sem saber quando adormeci, a primeira coisa que vejo é os meus pais a olhar seriamente para mim.

Sento-me na cama o mais rápido que posso - boa mãe de manhã, pai - vejo o seu rosto endurecer - alguma coisa está mal - atrevo-me a perguntar, sabendo que me pode custar caro, vejo-os olharem-se uns aos outros e a minha mãe acena com a cabeça ao meu pai.

Tens de fazer as tuas malas, apenas as tuas roupas, sapatos e coisas pessoais, apenas que possas levar contigo - a minha cara deve ser um poema, porque eles franzem o sobrolho - hoje não vais à escola para que possas ordenar as tuas coisas, vais sair à noite - e assim, sem mais explicações, saem do meu quarto.

Não sei como lidar com isto, vou mudar-me, mas porquê e para onde, é melhor fazer o que me pediram sem pensar tanto no assunto. Deixo a sala em busca da Sra. Lutza.

A Sra. Lutza - chamo-a quando a vejo a sair da cozinha - preciso de um favor e pode fazê-lo por mim - ela olha para mim com a sua habitual cara pouco amiga.

Primeiro dizes olá, rapariga mal-educada - ela diz que olhando para mim com aquela cara de limão que usa - e segundo Parabéns, não me esqueci - ela abraça-me, ela é tão esquisita - agora diz-me do que precisas.

Dê isto ao Motka-Dê-lhe uma caixinha - sabe em privado, diga-lhe que não vou poder usá-los e devolvo-lhos para que quando tiver um cachorro possa usá-los - ela olha para mim com tristeza e abraça-me - agradecimentos - dou-lhe um beijo na bochecha e vou até ao meu quarto, ela sabe alguma coisa mas não me pode dizer.

Devolvi-lhe as jóias que a Motka me deu todos estes anos, ela nunca viu o custo quando me comprou coisas, e nos meus aniversários ela realmente passou lá, em vez de me dar uma boneca ela saiu com anéis, correntes, pulseiras, tudo para uma rapariga grande, tudo o que ela me deu eu não podia usá-lo, era demasiado grande para mim.

***

Milena, já contactou a pessoa que estará à frente de Bela desde hoje até ao seu 18º aniversário, ela tem de ser digna de confiança", diz ele ao alfa que segura a mão da Eleonor da lua, "e os documentos de identidade falsos para Bela", ele olha-me directamente nos olhos.

Não esquecer as certidões de óbito dos supostos pais de Bela", diz Eleonar Moonar sem mostrar qualquer tipo de sentimento pelo que eles estão a fazer.

Tudo o que precisa está pronto, a pessoa é um amigo de confiança que me deve alguns favores, os documentos de identidade e as certidões de óbito falsas estão aqui - entrego-lhes um envelope - e aqui estão os bilhetes de avião - entrego-lhes os bilhetes.

Para onde a vais enviar", pergunta a lua.

Ela irá para um internato para raparigas até fazer 18 anos, enviei-a para outro país para garantir que as medidas tomadas não permitirão que aconteça o que as visões da Princesa Kira previram.

É que eles estão tão iludidos, temos estado a mentir-lhes na cara e eles acreditam nisso, Kira tem estado a mentir-lhes há mais de seis meses com os supostos sonhos e acreditando em tudo o que os meus supostos relatórios disseram sobre Bela que eles acabaram por se livrar dela, pedindo-me que cuidasse dela pessoalmente, e aqui estou eu a enviá-la da Rússia para os Estados Unidos.

 O tutor de Bela vem buscá-la à noite, como eu sugeri para que não haja rumores nem nada, dizem que ela foi aceite para estudar num programa de intercâmbio ao qual se candidatou e o senhor apoiou-a - tenho pena deles, vendo como confiam em mim - devem impedi-la de levar o seu telemóvel e portátil.

Às dez horas da noite ver-nos-emos, oh e explicaremos a sua nova identidade e sobre os pais falsos - vou deixar o escritório quando me lembrar da coisa mais importante-ahh esqueci-me que o alfa a deve expulsar da matilha, por isso quando ela atingir a maioridade não pode voltar aqui, desta forma evitamos que nos traia.

*** 

Arrumei as minhas coisas, não me disseram quanto tempo vou estar na viagem ou para onde vou, está quase na hora de dormir, passei o meu dia trancado a fazer as malas, levaram-me a comida para o meu quarto, o mais estranho foi que o meu pai enviou uma das senhoras do serviço para lhe enviar o meu telemóvel e o meu portátil, não me deram qualquer explicação sobre o porquê de me terem perguntado isso, ainda as enviei, não sei se a Sra. Olena ou a Nika me escreveram.

Bela, estás pronto - o meu pai entra na sala com a minha mãe - temos de falar sobre algumas coisas antes de saíres - ele diz-me isto com um olhar franzido e sei que está aborrecido comigo, limito-me a não dizer nada, limito-me a ouvi-los - a partir de hoje serás chamado por um nome diferente - abro os olhos como um prato, porque eles mudam o meu nome, vejo que ele me entrega um envelope - verifico o que está lá dentro e memorizo-o.

Não sei o que pensar, leio-o e diz que sou outra pessoa, vejo mais documentos e quando os leio fico atordoado, segundo estas certidões de óbito indicam que os meus pais estão mortos, que sou órfão há anos e que estou aos cuidados de um tutor chamado Vlad, o meu cérebro não consegue processar mais informação.

Não queremos que fale de nós, não queremos que diga que somos a sua família, a partir de hoje não era nada de nós, vai sair do país, vamos pagar os seus estudos até aos 18 anos, depois disso deve estar por sua conta - não me posso mexer, nem pestanejar...

I Demian Alpha of the Blue Moonlight Pride expulsa-vos a Princesa Bela do orgulho.

I Eleonar Luna of the Blue Moonlight Pride lança-vos a Princesa Bela fora do orgulho....

Queria perguntar porque estava a ser expulsa, quando um dos guerreiros entra em Alfa, Luna acaba de chegar para Bela-e o sorriso que ela desenha no seu rosto faz-me tremer, é como se ela estivesse feliz.

Quando desço as escadas vejo um homem vestido com um fato que não me dá uma boa vibração, ele cumprimenta os meus pais, eles dizem-lhe algumas coisas que eu não consigo ouvir, porque já estou a entrar no carro.

Fico em silêncio no carro, o tipo diz-me que o seu nome é Vlad e que estamos a caminho do aeroporto para apanhar o nosso voo, mas ele não me diz o destino, pede-me para não falar com ninguém enquanto estamos prestes a embarcar que ele vai tratar de tudo, não me apetece falar, tudo muda tão repentinamente, eu apenas assino com a minha cabeça e começo a olhar pela janela do carro.

A minha surpresa é ainda maior quando ouço que nos dizem que vamos para o Canadá, tenho muito medo mas não tenho ninguém a quem pedir ajuda, o meu pai ficou com o meu telemóvel e o meu portátil.

***

Uma semana antes do aniversário da minha pequena picara o alfa enviou-me para uma revisão das aldeias mais distantes que pertencem à manhã, para designar Milena mas o alfa não queria que eu fosse pessoalmente o que achei muito estranho, normalmente é designado para um dos guerreiros, mas como não posso contradizer uma ordem do grande alfa, yuck! Graças à sua obsessão pela filha mais velha de liderar o conselho, toma decisões erradas, acreditando e confiando em pessoas de credibilidade duvidosa, peguei nas minhas malas e fui sem me queixar, confia mais em Milena do que em mim, sou a sua mão direita, há aqui algo de errado e vou descobrir quando regressar e retirar Milena da sua posição, os outros guerreiros já me deram queixas suficientes sobre ela e a sua forma de se comportar está deslocada.

Quando cheguei para supervisionar, descobri que nada de estranho tinha acontecido, o guerreiro que é responsável por esta área não fez qualquer relatório, não falou com Milena durante meses.

Boa tarde guerreiro Alek - saúdo-o formalmente - quero uma actualização sobre os ataques recebidos no último mês, balanço de mortes e perdas - ele olha para mim com uma cara de não saber do que estou a falar.

Boa tarde Beta- ele responde-me à saudação formal, vejo que ele coça a nuca, isso é raro, ele só o faz quando sente pena de alguma coisa - não tivemos um ataque durante mais de seis meses e as mortes que ocorreram são causas naturais, se é que existem, mas eles não me informaram de nada, entristece-me que tenha vindo aqui para encontrar o nothing- ele diz-me de uma forma séria.

Isto é o que os meus guerreiros têm de bom, eles vão directo ao assunto, não me fazem perder tempo.

Tenho um relatório de que houve aqui mais de dez ataques em menos de três meses, com um número alarmante de mortos, a pessoa encarregada do controlo passou um relatório muito pormenorizado do que lhe tinham enviado", afasta-se e cerra as mãos aos punhos, "o guerreiro Milena é o responsável", olha para mim e abre os olhos como um pires.

¿Ela? agora sou eu que estou surpreendido e aborrecido - sim ela, há algo de errado com isso - ela está a tentar dizer-me algo mas ela está a pensar - se tiveres algo para me dizer, podes fazê-lo.

Como chegou ela a trabalhar nessa posição? - agora estou realmente surpreendido.

O Alfa atribuiu-a lá", respondo com um encolher de ombros, não que me tenha sido dada uma palavra a dizer, "e se ele a ordenar, está feito, não concordei com ela mas não pude dizer não, não sou eu que mando.

Bem, parece que o alfa não faz mais do que cometer erros", diz ele, passando a mão por cima da cara dele, "ela é muito boa em combate", vejo que ele está a meditar nas suas palavras, "mas ela gosta de entrar nos lençóis dos seus camaradas, compreende-me? E se eles não a ouvem, ela atrapalha o trabalho ao estabelecer falsos positivos", diz ele, olhando-me nos olhos, e agora compreendo porque estou aqui.

Pela deusa da lua, não me pergunto de todo", digo eu, a cair de volta na minha cadeira.

Quem foi o escolhido agora?  Ou melhor, o seu novo capricho - ele faz-me caretas - vejo que o meu rosto deve dizer tudo e porque estou aqui.

Foi um erro", peço desculpa, "mas eu resolvi-o", ele faz-me um olhar zombeteiro.

Posso dizer", diz ela, sentada na cadeira ao meu lado, "Olha, proponho algo muito fácil", ela olha-me nos olhos, "já estás aqui, por isso aproveita, supervisiona tudo, faz um relatório e apresenta-o ao alfa", levanta-se e caminha até à porta e sinaliza-me para a seguir, demonstrando que ela é uma pessoa que não está apta para fazer esse trabalho.

E assim, sem mais demoras, vou supervisionar tudo, fazendo o que o guerreiro Alek me sugeriu, já é o dia de regressar, mas devido ao contrato, a minha partida foi adiada até alguns dias após o aniversário da minha filhinha. Quando chego vou directamente à casa do alfa para ver Bela, a Sra. Olena escreveu-me que não foi capaz de comunicar com Bela. Quando cheguei a casa, conheci a Sra. Lutza.

Beta Motka, como está? ---Sheets me cumprimenta, mas faz algo estranho, olha para o lado e sinaliza-me para a seguir e para continuar a falar normalmente - há muito tempo que não te vejo aqui.

Bem - paramos num lugar escondido da casa, e ela tira uma pequena caixa do seu vestido - isto foi-lhe deixado pela Princesa Bela, ela já não pode usá-las e é por isso que as devolve para que o seu cachorro as possa usar quando as tem - eu franzo o sobrolho, não compreendo porque é que ela não pode usar as jóias que eu lhe dei - não compreendo.

Vai para o teu quarto e depois vai perguntar ao teu pai, o grande alfa", diz ele o último a abanar a cabeça, de forma chocante.

Vejo que se vai embora e sem perder tempo subo as escadas duas a duas chegando o mais rápido possível ao quarto de Bela, não aguento mais bater suavemente à porta mas não ouço nada, por isso abro a porta pensando que a verei deitada ou doente, mas a realidade é pior, parece que ela nunca existiu, o quarto está vazio, Corro para o guarda-roupa para descobrir que não há nada da sua roupa, agora não compreendo o que aconteceu, preciso de falar com Demian para saber que brutalidade ele fez, quando passo pelo corredor vejo que as fotografias dela também desapareceram sendo substituídas por fotografias onde os três aparecem como uma família mas sem a filha mais nova.

O que fizeste Demian", quero bater-lhe, mas faço o meu melhor para o fazer, "Onde está o Bela", digo eu através de dentes rangidos, ele nota o meu desconforto.

Quero o relatório do que encontrou nas aldeias do norte", diz-me ele como se nada fosse, "imagino que tudo esteja uma confusão, pensei que duraria mais tempo", estendo-lhe uma pasta onde toda a informação que encontrei é arquivada.

Pegue no relatório e leia-o cuidadosamente - sento-me na cadeira em frente da sua secretária, apenas para ver os seus gestos que mostram que ele não compreende o que se passa nas aldeias do norte que não tiveram um ataque durante mais de seis meses, os mortos que lá chegaram são de causas naturais e o mais importante é que nunca falaram com o guerreiro Milena - a sua expressão é séria, Ela procura algo na sua secretária e eu vejo que é o relatório que lhe deu e ela começa a comparar - se duvidar de mim pode ir pessoalmente, é mais que a pessoa responsável pela segurança nestas aldeias não tinha conhecimento de que o guerreiro Milena estava encarregado de relatar estes incidentes.

Vejo como ela está paralisada, está a aperceber-se de que algo não está bem.

Agora diz-me onde está Bela, o que fizeste com ela? a sua expressão não augura bem - diz-me que não fizeste algo estúpido - aparentemente fizeste, e uma muito grande, porque a vejo levantar-se e transformar-se para fugir o mais depressa que as suas pernas a podem carregar, e eu não estou muito atrás.

Conta-me o que aconteceu - pergunto-lhe e ele continua a ignorar-me, eu sigo-o de qualquer forma, até ver que ele chega onde Milena está.