- É sério. Isso é para mim, senhor? - Sim mas não me chame de senhor. Só de Apollo já basta. - Está bem, Apollo. Posso? - Deve. Aproveite. - Muito obrigado por pensar em mim. - Agradeça a sua futura sogra. Ela falou tão bem de você, do fusquinha que deu a ela e tal. Nada mais justo que eu trouxesse um belo pedaço de torta holandesa pra você, Wellington. - O senhor quer que o busque, mais tarde? - Sim, às dezessete horas, por favor. Está dispensado. - Certo, Apollo. Estarei aqui na casa dois, no horário combinado. - Obrigado, Wellington. Não se preocupe se pegar trânsito e se atrasar. Vou entender. Não tenha pressa. - Certo, Apollo. Bom trabalho. - Obrigado, Wellington. Apollo cruzou o estacionamento e entrou na casa da fundação Hermann. Wellington abriu a vasilha com a torta. O garfo de plástico na mão. - Que coisa linda. Dá até pena de cortar. Opa, vou tirar foto e mandar pra Stefany. Após mandar a foto, ele comeu a sobremesa dentro do carro. - Boa tarde, Estela. - Boa
Estela abriu os olhos. Apollo estava sentado ao lado da maca, no ambulatório da casa dois, da fundação Hermann. Ele segurava a sua mão.- Estela?! Tudo bem?- Tudo.- Ótimo. Sou o doutor Ernesto.- Sei. Da clínica aqui em frente.- Exato. Teve uma queda de pressão. Apollo atravessou a avenida e me chamou.- Muito obrigada.- Está tudo em ordem com você. Vou voltar a clínica.Apollo acompanhou o médico até a saída. Quando retornou, Estela tinha saído da maca. - Estela, repouse.- Estou bem, Apollo. Detonada por dentro mas bem. - Me desculpe. Deveria ter escondido ou apagado essas fotos.- Ainda bem que não fez isso. A verdade dói mas deve ser dita. Jesus disse que a verdade nos libertará, não foi? Temos muito o que conversar, Apollo.- Quer sair, tomar um suco de maracujá pra acalmar?- Estou bem. Nessas horas é melhor manter a calma e a compostura pra não fazer bobagens.- Entendo. Vou pedir um suco de maracujá, pelo aplicativo. Quer algo pra comer?- Quero aquela torta holandesa
- Como foi seu dia, amor?- Foi bem, Júlio. Estou me ambientando aos poucos.- Você parece diferente.Estela percebeu que o celular dele não parava de avisar que mensagens chegavam. - Acredita que a minha pressão caiu, devido ao forte calor? Tive um pequeno apagão.- Sério, Estelinha?! - Sim. Por sorte, há uma clínica em frente a casa dois. Apollo correu e chamou o médico. Voltei dois minutos depois, com a pressão normal.- Ainda bem. Temos que nos hidratar bem. As temperaturas estão altas, chegando aos quarenta graus a sombra.Estela colocou a mão sobre o antebraço de Júlio César.- Obrigada por sua preocupação, amor. Muito trabalho pra você?- Sim. Chegando mensagens depois que o deputado falou da empresa de segurança.- Isso é ótimo. Sua sociedade com o tenente Adonias, nessa firma de segurança, vai bombar.- Já está, em nome de Jesus.Apollo subiu com Wellington ao seu antigo apartamento.- Vou levar mais algumas coisas ao apartamento da Jheniffer. Obrigado pela ajuda, Wellingto
- Hum. Esse brioche está delicioso, Estela.- Comprei especialmente pra você, Júlio. Fica ainda mais gostoso com esse requeijão da Serra da Canastrão, em Minas Gerais.- Ah, é o melhor requeijão do mundo. A Serra da Canastra produz um dos melhores queijos do mundo. São caros mas são excelentes.- Se tem qualidade não são caros, amor. Compensa. Além disso, você está ganhando bem, graças a Deus e ao seu talento. A empresa de segurança vai bem, o serviço para o deputado é bem remunerado. Fui promovida na fundação.- Está certa. Merecemos tudo do bom e do melhor. As crianças estão na escola particular e nos mudamos para o Itaim.- Isso aí. Demos um upgrade na vida.A moça se levantou da mesa e sentou-se no colo do marido. Ela o beijou na boca.- Amor. Olha as crianças.- Não são crianças mas pré adolescentes. Já têm doze e quatorze anos. Adriano já está namorando. Eles tem aulas de educação sexual.- Eu tenho vergonha. Amor, na mesa da cozinha?- O que é que tem? Você sempre quis fazer am
Estela tomou um banho gelado. As lembranças de seu sonho ecoavam na sua mente. - Preciso de um café forte.Falando sozinha, ela foi de roupão a cozinha. Júlio César entrou, vindo da padaria.- Bom dia. Está chuviscando.Eles sentaram para tomar o café da manhã.- Bom dia, Júlio. Temos que trabalhar, fazer o que?- Isso aí. As fotos.- Que fotos?- Esqueceu? Tem que tirar fotos para a documentação da fundação, você mudou de cargo. Tecnicamente é outro contrato.- Ah, sim. Verdade. - Posso deixar você lá, no estúdio. Se quiser.- Quero sim. Depois vou a fundação num carro de aplicativo.- Perfeito. O advogado tem vôo às onze. - Vai se reunir com o presidente?- Não hoje. Na terça feira que vem, Estela. Você parece aérea.- Viu só. O deputado vai viajar de avião e eu que fico aérea. Chegarão uma leva de refugiados, um grupo da Bolívia. São muitos documentos e logística. A secretária é nova e estou me desdobrando.- Novidade. Você sempre se desdobrou na fundação, querida. Você levou o
- Como está a Jheniffer?- Está bem, Estela. Disse que virá aqui, mais tarde.- Excelente notícia, Apollo.- Ela fará uma hora na casa dois, com o Humberto. Depois, virá pra cá.- Pra te levar pra casa!- Isso mesmo. Pra nossa casa.Eles deixaram o refeitório e voltaram a sala de Estela. Ela fechou a porta e certificou que não havia ninguém próximo a janela. Mesmo assim, ela aproximou sua cadeira com a dele e falou baixinho.- Acredita que o Júlio sabia que eu tinha desmaiado, antes que eu contasse a ele?- Sério? Como?- Alguém daqui falou pra ele, lógico. Entrei no carro, ele perguntou se eu estava bem. Ficou esperando que eu falava sobre a queda de pressão. Na hora, entendi que alguém tinha mandado mensagem a ele.- Certamente, pagou pra algum funcionário da casa um passara informações a ele. Na casa dois tem o Humberto.- Contei que foi devido ao calor. Não falei nada da nossa conversa. Falamos da Bianca, da Renata e da fundação. Quando chamei a Renata de vaca, ficou com raiva. Pe
Logo, o estacionamento da casa um, da fundação Hermann, estava cheio de gente. Os vizinhos, da clínica médica e estabelecimentos próximos, saíram pra ver o ocorrido, devido ao barulho dos tiros. Uma viatura policial chegou.- Graças a Deus. A polícia.Disse Jheniffer a Estela. Os dois policiais foram até elas, sentadas no gramado.- Boa tarde. Melhor, boa noite. Daqui veio um chamado? Casa um, da fundação Hermann?- Sim, policial. Sou advogada, Jheniffer Stuart. Meu namorado ligou para vocês. Houve uma tentativa de assassinato, nesse local, há uns doze minutos.- Certo, doutora. E a vítima?- Só conhecemos seu primeiro nome, Fernando. Ele estava com a Renata, uma antiga funcionária da fundação. Foi readmitida e visitavam a casa.O outro policial tirava fotos da casa do estacionamento, da fundação e do veículo de Fernando, com manchas de sangue. - Silas, por favor, grave o relato da doutora. Começando. Doutora Jheniffer, como tudo aconteceu?- Estávamos indo embora. Apollo e eu, Rena
Estela entrou no hospital e foi ao encontro de Júlio César, abraçando o marido.- Júlio. Nem acredito no que houve.- Eu também, querida. Eles chegaram na moto e atiraram. O garupa tirou uma foto do rapaz, eu vi.- Como está ele?- Apollo falou com um dos médicos. Dos três tiros, dois foram de raspão. Infelizmente, um pegou em cheio, passando pertinho do coração. Está na mesa de cirurgia.- Vamos orar por ele.- É o que nos resta a fazer. Infelizmente, não acertei os malandros que fizeram isso a ele.- Aqueles policiais, falando com a Renata, foram a fundação. Eu e Jheniffer demos nossa versão do ocorrido. Em detalhes.- Certo. Vão querer falar comigo e com Apollo, com toda certeza. Não vi o rosto deles pois estavam de capuz.- A sua reação impediu que atirassem mais vezes no Fernando.- Fernando é o nome dele?- Sim. Foi namorado de Stefany, a advogada amiga da Jheniffer. Por pouco tempo, Jheniffer me disse.- Sério? Que mundo pequeno!Jheniffer abraçou Apollo.- Amor. Sua camisa est