Bianca foi a última a entrar na sala de reunião, da fundação Hermann, na capital argentina. Consuelo se levantou e a beijou no rosto. Bianca sentou-se e acenou com a cabeça, cumprimentando os diretores e advogados presentes. - Boa tarde. Convoquei essa reunião extraordinária pois recebi documentos da ACNUR.Os diretores cochichavam. Consuelo pediu silêncio a todos. Bianca estava séria. Aquela reação dos diretores e advogados era uma encenação, visto que Olivares tinha conversado com todos eles, anteriormente.- Isso não é novidade. Sim, é novidade a chegada de propostas de agências da ONU para que a Hermann expanda sua área de atuação no mundo.Apollo e outros diretores da fundação apareceram no telão, visto que participavam por vídeo chamada.- O contato com tais agências foi feito por Bianca e caberá a ela explicar essa situação. Por favor.Bianca sorriu e se levantou. Ela passou atrás da cadeira de Consuelo e colocou a mão no ombro da tia. Tomasella, mais próximo ao palco e ao púl
Consuelo abraçou Bianca.- Boa sorte, filha.A moça chorava.- Obrigada, titia.- É um grande fardo sobre seus ombros, daqui para frente. Conte comigo, ouviu? Vai assumir minha cadeira daqui a mês. Serei a presidente honorária.- Muito obrigada, titia. Espero ser uma presidente a sua altura. Honrar o sobrenome.- Que assim seja. Seria bom que estivesse casada, para seu marido cuidar de suas coisas e da casa, de crianças enquanto estiver na fundação, que ocupará noventa por cento da sua vida.- Titia. Nem estou namorando.- Mal ou bem, eu precisava de aposentadoria, Bianquinha. Até mais.- Até.Bianca foi para sua sala. Na porta, encontrou Olivares.- Olá. Votou contra meu projeto?- Foi apenas pra despistar, minha linda. Parabéns pela presidência.Ele a beijou no rosto.- Entendo. Ainda assim, terá um alto cargo e um salário a altura de sua pessoa, amigo. Sou muito grata aos que caminham comigo.- Sei disso. Como presidente, poderá distribuir os cargos do alto escalão, bem como dispe
O carro da fundação Hermann chegou ao hotel Hilton. Bianca dispensou o motorista. - Muito obrigada. Estou hospedada aqui. - Ótima tarde, senhorita. Se precisar, só me chamar. Ela saiu do carro e colocou os óculos escuros. Ficou observando o carro sair, em meio ao trânsito da capital argentina. - Idiota. Nem ligava pra mim, agora que sou a futura presidente, fica me bajulando. Será um dos primeiros que colocarei na rua da amargura, assim que assumir a fundação. Não quero nenhum desses imbecis comigo. Ela entrou no hotel. Velasco estava no sofá do saguão, folheando uma revista de carros. Ele se levantou. - Boa tarde. Está linda. - Boa tarde, amor. Obrigada. - Parabéns pela presidência, Bianca. Está no caminho certo. - Precisava ver a votação apertada, amor. Por pouco a titia fica mais uma década na cadeira. - Graças a você, isso não aconteceu. - Estou faminta. Aonde vamos? - Aonde? No topo, onde é o seu lugar. Aluguei a cobertura. - Oh. Gostei disso. Você está tirando os esc
Quatro dias depois, Jheniffer e Apollo chegaram ao aeroporto de Guarulhos.- Stefany e Wellington deveriam estar aqui, no portão onze.- Devem ter se atrasado devido ao trânsito, amor. - Ou nós dois que somos precavidos demais. Faltam duas horas para o nosso vôo a Buenos Aires.- De fato. Eu fico com a segunda opção. Somos precavidos demais. Mineiro não perde o trem por isso, chega duas horas antes, no dia anterior.Stefany e Wellington chegaram.- Bom dia. Madrugaram os dois.- Bom dia, Stefany. Apollo acordou com as galinhas, às cinco da manhã. Tomou banho, fez café e foi a padaria. Ficou me atazanando a paciência, repetindo que íamos perder o vôo. Parecia que ia tirar o pai da força.- Ele é mineiro?- Pior que é. Chegamos duas horas antes.Meia hora depois, Daniella e Bruno apareceram. A modelo estava com um terninho azul celeste.- Bom dia.Jheniffer e Stefany se olharam.- Vamos voltar pra casa e nos arrumar melhor, Stefany. Não me lembro de termos combinado de ir toda chique?
Eles desceram do avião, no aeroporto de Buenos Aires. A atmosfera era outra. Um vento gelado os recebeu. - Estamos na Europa?- Quase isso, Wellington. Você vai amar Buenos Aires.- Já estou, Apollo. Ainda mais eu, um matuto que nunca saiu de São Paulo.Bruno estava empolgado, de mais dadas com Daniella. - Nossa primeira viagem como namorados, amor.- Sim, Dani. Por isso, já é especial.Eles saíram do aeroporto. Em dois táxis, eles rumaram até a casa de Consuelo. Apollo, Wellington e Bruno num táxi. Jheniffer, Stefany e Daniella noutro carro. Meia hora depois, chegaram a mansão da presidente da fundação Hermann.- Ela está nos esperando?- Sim, nos chamou para o almoço mas ficaremos até domingo a noite. Quero lhes apresentar a cidade. Amanhã terá o clássico Boca Jrs contra River Plate, no estádio da Bombonera.Disse Apollo a Jheniffer. Ele apertou a campainha. Wellington e Bruno se empolgaram.- Uau. Sempre quis assistir esse jogo, Apollo. Vai ser demais.- Com certeza, Wellington.
- Que banquete no café da manhã.- Espere até ver o almoço que nos aguarda, Bruno.- Consuelo sempre foi assim?- Sempre. Uma mãezona, ótima anfitriã e amiga. - Agora entendo porquê falava dela com tanto carinho, Apollo.- Sim, Jheniffer. Vai vê-la chorando quando a gente for embora. Dá vontade de ficar um mês aqui. Quantas vezes, eu e minha falecida esposa não tinhamos coragem de ir embora. Consuelo não nos deixava e a gente não queria.Consuelo veio até eles.- Falando mal de mim, Apollo?- Sempre. Você era uma péssima sogra.Jheniffer o beliscou.- Que mentiroso.- Deixe-o, Jheniffer. Sei que é mentira. Ele me ama.- É verdade. Manoela tinha ciúmes da mãe. Me proibiu de vir aqui, durante o início do nosso casamento.- Apollo não era genro mas filho. Não é da boca pra fora. Quando ela se foi, Apollo sofreu mais que eu, sentiu mais a falta dela. Ele me consolou no luto, nas semanas posteriores a morte. O translado do corpo, de Caracas a Buenos Aires, tudo cuidado com carinho e amor
- Consuelo deu um perdido, não estou vendo nossa anfitriã.- Espere só, Jheniffer. Ela sempre faz isso.- Isso o que, Apollo? Desaparecer e deixar os convidados na mão?- Não. De jeito nenhum. Consuelo é a estrela, estamos na sua casa e ela é a estrela maior. Daqui a pouco ela reaparece.Um locutor de rádio, amigo de Consuelo, animava a platéia e anunciava a hora do bingo beneficente. Os garçons serviam as mesas. Vinho, champanhe, cerveja, refrigerantes e sucos variados. O churrasco delicioso. As guarnições. Flores e frutas nas mesas. Um carro chegou a mansão. Bianca desceu com sua mãe. Jheniffer cutucou Stefany, por baixo da mesa. Elas repararam no vestido rosa da moça. - Sou a nova presidente da fundação Hermann. Não ganho aplausos?- Sossega seu facho, garota. A sua tia ainda é a presidente. Em Roma, se comporte como um romano. Nunca ouviu esse provérbio?- Não é do meu tempo. Sou jovem.- Conhece bem sua tia. O cerimonialista as recebeu e indicou a mesa que deveriam ocupar.- Ol
Jheniffer foi ao quarto de Daniella.- Nem vem. A Dani já me emprestou esse vestido marsala.Jheniffer fez uma cara triste.- Puxa. Não sobrou nada pra mim? Terei que ir básica ao famoso teatro Cólon?Daniella abriu outra mala.- Por sorte, trouxe dois vestidos pretos. Um liso e outro com strass. Logicamente, o brilhante é o meu. Jheniffer abraçou o outro vestido.- Esse está ótimo, amiga. Me empresta?- É lógico.Elas ouviram batidas na porta.- Quem será?Perguntou Stefany.- Não sei. Os rapazes, talvez. O Bruno estava irritado pois teria trazido um blazer, se soubesse que sairia a noite para o teatro.Jheniffer abriu a porta. Consuelo sorriu.- Meninas. Podemos entrar?Jheniffer respondeu.- Sim, Consuelo. A casa é sua.Seis moças a seguiram, empurrando carrinhos com cabides de vestidos. Dois rapazes carregavam caixas de sapatos.- Acharam que eu as convidariam e não se preocupasse com suas vestimentas? Coloquei o teatro no roteiro do passeio e não as avisei. Não se preocupem, pod