Tinha chegado cedo demais ao consultório do Dr. Cardoso, então peguei uma revista enquanto estava sentada na sala de espera. Devido ao nervosismo daquele dia nem sequer tomava atenção á revista, simplesmente a folheava. Suspirei várias vezes olhando a porta da sala de atendimento, teria que esperar ate que acabasse a consulta antes da minha, mas a ansiedade era muito grande.
__ Senhorita Ursula deseja tomar um chá ou um café ?
__Obrigada!- Olhei rapidamente para o som daquela voz feminina e sorri.__ Aceito um café, sim.
Anita era a recepcionista do consultório, era uma moça bastante simpática. Alta, com cabelo louro curto e maquilhagem forte, à primeira vista não era a pessoa que esperávamos ver numa recepção de um consultório de psicologia, mas tinha realmente a personalidade indicada para o cargo. Era atenciosa e bastante intuitiva.
__ Não se preocupe,entra já daqui a uns minutinhos. – Anita declarou enquanto lhe entregava um copinho de plastico com café.
__ Eu sei ! – Suspirei, enquanto colocava a revista na mesinha e peguei no copo dando um gole de imediato.__ Estou só um pouco apreensiva.
__ Compreendo! È sempre muito complicado a espera em consultórios.
__ Sim verdade,- Sorri sem graça. __ Em qualquer um.
Depois de algum tempo de conversa a minha ansiedade diminuiu, até a porta se abrir e o Dr. Cardoso chamar o meu nome. Respirando fundo duas vezes ,me levanto , indo direto ao sofá castanho para onde o Dr. Cardoso apontava antes de fechar a porta atras dele.
__ Então, Senhorita Ursula , em que posso ajudar?- Ele se senta numa poltrona em frente a ela.
__ Sabe ...estou um pouco perturbada ultimamente com os sonhos que ando a ter.- Dr. Cardoso deveria ter uns sessenta anos e o sorriso terno que exibia me colocava um pouco mais á vontade.
__ Conte-me esses sonhos.- Com ar profissional, ele pega na caneta e seu bloco de apontamentos , a encarando atento a tudo o que fosse dito.
__ São sonhos sem nenhum sentido. - Respiro fundo nervosa esfregando as maos uma na outra .__Quero dizer...não tem um principio, meio ou fim, simplesmente me aparecem imagens soltas.
__ Continue! – Insistiu Dr. Cardoso
__Começo por me ver sozinha numa floresta densa e escura, - Clareando a garganta eu o olho hesitante . __ De repente ouço rosnados à minha volta, imagens de sangue surgem antes mesmo de eu ver... presas horriveis e dentes afiados.
__ Hum...estou a ver. - Dr. Cardoso fica pensativo por uns momentos . __E sente medo Ursula?
__ Um pouco...- Respiro fundo .__ Mas sinto que estou a ser protegida por algo ou alguém também.- Balanço a cabeça ao notar que parecia um pouco confuso. __ No último sonho que tive estava rodeada por uma luz brilhante enquanto segurava algo nos meus braços, como se eu tambem protegesse alguma coisa .
__ Ursula! - DR. Cardoso , depois de alguns apontamentos , pousa a caneta em seu bloco e sorri , me analisando. __ Como vai a sua vida amorosa?
__ Não tenho nenhuma, por isso vai bem. - Quase que bufo as palavras , dando conta disso , de imediato sorri mantendo uma postura tranquila .Sabia que esta pergunta viria. Todos os psicólogos usavam a teoria de Freud para justificar alguns problemas.
__ E não sente falta de ter um companheiro? Um homem que lhe de segurança, atenção...carinho? – Ele insiste nesse assunto, começando de novo a rabiscar algo no papel branco do seu bloco de capa negra em cima dos joelhos.
__ Eu sinto-me bem como estou agora!- Tento soar firme , pois era exatamente como me sentia , bem, nesta fase , só comigo mesma. __Pelo menos pensava que estava equilibrada emocionalmente.
__ Entendo. - Ele a volta a encarar pensativo. __ Mas há quanto tempo não tem um homem na sua vida?
__ Talvez há um ano. – Respondi frustrada por ele manter o foco nessa situação em questão e não nos sonhos estranhos .
__ Esses sonhos podem estar ligados a sentimentos . - Dr. cardoso ajeita os oculos ,a fitando com um profissionalismo mais formal. __ Vejo aqui que trabalha como diretora de uma biblioteca . Provavelmente as garras e os dentes afiados é um sinal de que precisa de um pouco mais ação em sua vida do que tem vivido ultimamente.
__ Mesmo que fosse isso, onde se encaixa o sangue?- Declaro completamente surpresa por suas palavras .
__ O sangue mostra o receio de Ursula em se envolver com alguém. Creio que sofreu nas suas relações anteriores e isso também se manifesta no sonho.
__ Sim...mas tinha ultrapassado isso...
__ Talvez você pensasse isso, no fundo a frustração ainda está dentro de si. – Dr. Cardoso falava com carinho enquanto olhava Ursula atentamente.
Por muito céptica que pudesse estar, havia alguma lógica nos argumentos do Psicologo, mas havia ainda algo que ele não tinha explicado.
__ Pode até ter razão, mas porque é que no sonho eu estou tão decidida a proteger algo nos meus braços?
__ O seu coração, Ursula. Para si é algo valioso e por isso não o quer perder. – O psicólogo sorriu orgulhoso de si mesmo. __ Para si um coração partido não é o ideal e por isso o defende com toda a força.
Suspirei aliviada com aquela resposta tinha acabado de me convencer que poderia ser , realmente tinha tudo a ver, ele tinha razão, não me envolvia. Não queria ter outra relação fracassada nem fazer alguem sofrer por minha causa.
__ Então o que me aconselha fazer para que estes sonhos parem?
__ Simplesmente deixe o receio de lado e viva um pouco. Não tenha tanto medo!- O homem mostra um enorme sorriso. __ Vá com calma mas não se esconda. Comece a sair com alguém e procure se divertir. Uma paixão avassaladora iria lhe fazer maravilhas neste momento Ursula, anda muito reprimida e o seu cérebro dá-lhe todos os sinais disso.
Não era novidade, era algo que no fundo eu desejava há tanto tempo, alguém que eu amasse profundamente, que me fizesse estremecer só com o toque. Ursula levantou-se sorrindo mais relaxada , Dr. Cardoso de imediato fez o mesmo.
__ Obrigado Dr. ,fez maravilhas á minha ansiedade.- Eu estendo a mão realmente satisfeita com o resultado daquela consulta .
__ Fico feliz por ter ajudado e estarei sempre ao seu dispor , se precisar de algo.- Ele troca um aperto de mão, a vendo sair em passos largos e se senta orgulhoso por ter ajudado mais uma paciente.
Realmente eu ia mais leve , me dirigindo para o apartamento, sentia que um peso enorme tinha desaparecido dos meus ombros . Logo que entrei em casa , soltei as chaves e a bolsa em cima da mesinha ao lado da entrada , me atirando de imediato para o sofá. Pegando o comando ligo a Tv, mudando de canal várias vezes decido parar num documentário sobre mitologia grega. Rapidamente aumentei o som e fui direto á cozinha preparar algo para comer. Abrindo a geladeira verifico o que poderia inventar para satisfazer meu estomago naquela hora . Não foi preciso muito para decidir . Cortando alguns legumes , os salteio em azeite , sal e alho , colocando a polpa de tomate quando eles ficam bem dourados , á parte o macarrao é escorrido e logo faço a mistura num prato sopeiro. Me servindo de um copo de vinho verde me delicio com um simples mas delicioso jantar. Depois de lavar a loiça ,olhei o relogio, era cedo ainda para ir para a cama, então me recostei no sofá , me aconchegando na almofada fico atenta ao programa televisivo, adorava o mistério e a aventura.Talvez o Doutor tivesse razão, apesar de me sentir bem comigo própria, no fundo podia precisar de algum novo estímulo na minha vida.
Respirando fundo, fecho os olhos quando as palpebras começam a ficar mais pesadas , meu corpo relaxa e me sinto ser transportada para um outro mundo. Sim era o mundo dos sonhos , mas este parecia mais real e logico que os anteriores. Me sentia sozinha , rodeada por uma vasta floresta, que era decorada com varios caminhos de terra batida seguindo em direções variadas a partir do centro da clareira onde eu estava. Olhando ao redor eu simplesmente me sinto perdida até que um vulto surge num desses caminhos . Uma velha senhora com um manto esfarrapado me olhava sorrindo, rodeada por um nevoeiro denso atras dela , quase que não via a mão estendida na minha direcão. " Vem !" Está na hora !" .
As palavras soaram na minha mente , mais nitidas que a visão daquela velha senhora que quanto mais eu me dirigia a ela , mais ela se afastava.
__ Espere! O que quer dizer com " chegou a hora ?" A hora do quê ? - Eu quase grito as palavras para que ao longe ela me ouça.
Não houve uma resposta falada , mas sua mão se dirige a uma das arvores ao longo do caminho onde ela estava , uma trepadeira com flores roxas , a rodeavam totalmente. Não percebendo o que isso significa simplesmente balanço a cabeça frustrada .
__ Me fala , o que querem de mim ? - A velha senhora se afasta quando o nevoeiro se dissipa atras dela , o caminho fica totalmente visivel e ao longe um enorme Mosteiro surge. Boquiaberta por não ter visto algo assim antes , eu avanço mais uns passos, ofegando quando ela desaparece sem mais nem menos e em segundos estava na frente de um portão enorme. Olhando para cima vejo a inscrição "Mosteiro Do Sol Nascente ". Olhando para dentro entre as grades , verifico que ali parecia desabitado até que as portas se abrem e um velho monge surge, ao longe , me olhando satisfeito, sorrindo amigavelmente ao declarar: "Bem vinda , há muito que estávamos á sua espera !"
" Mas que droga..." Esse pensamento surge no momento em que minha irritação surgia , eu queria saber o significado de tudo aquilo e ninguem mo dizia diretamente . Quando me preparava para ter respostas um som estridente surge nos meus ouvidos , abrindo os olhos rapidamente pulo no sofá pegando o celular que no momento me deixava com os nervos a flor da pele. Olhando a tela suspiro ao ver o alarme repetindo a mesma data vezes sem conta . Hoje era o meu aniversário, faria 30 anos e alem de um simples almoço com uns colegas , eu teria uma longa viagem até aldeia dos meus pais para um jantar familiar. Respirando fundo me coloco debaixo da agua quente do chuveiro, eles não sabiam do que se passava comigo ultimamente e não lhes diria , a recordação de todo o sonho , com cada detalhe vivido em minha mente me deixava com um formigueiro na mente e corpo. Aquilo parecia muito real. E se o Mosteiro existisse mesmo? Isso era o que eu descobriria ainda hoje e se fosse real, faria uma visita urgente para descobrir quem era aquele monge, aquela velha Senhora e o que droga queriam de mim .
O dia tinha custado a passar apesar do almoço ter corrido bem e a festa que se procedeu para festejar meu aniversario também , eu estava ansiosa que esta sexta feira terminasse para poder ir de fim de semana para casa dos meus pais. Bem, não era todo o fim de semana apesar da mochila estar cheia de roupa para três dias .Depois daquele sonho tão real , eu tinha investigado aquele mosteiro, e para minha surpresa ele tinha existido. Minha questão era , será que ainda estava de pé, ocupado por monges ? No fundo, mesmo não querendo muitas aventuras neste ponto da minha vida eu estava decidida a descobrir. Através da net conseguira a morada ,um lugar mais longe do
Depois do belo estranho de olhos verdes se ter afastado da minha visão, meu corpo começou a relaxar , meu coração começou abrandar e a pele deixou de esquentar como se fogo liquido começasse a correr em minhas veias . Bebendo a agua toda de um só gole percebo que continuo a ser observada intensamente pela outra amostra de mau caminho ali presente, os genes naquele mosteiro deveriam ser provenientes de deuses do Olimpo. O homem tambem entroncado na minha frente ostentava uma beleza anormal a que eu estava acostumada apreciar. Apesar do sorriso simples em seu rosto quadrado, seu corpo era entroncado, somente massa muscular , pelo q
__Kade!- Dumas entra pelo mosteiro dentro acenando ao seu companheiro de Elite na hora em que o encontra no corredor . __ Sabes de Dorian?__ Penso que está no quarto !- Kade rapidamente avança na sua direção eufórico. __ Já sabes da visita estranha que tivemos ?__ Já me constou !- Ele simplesmente grunhiu mostrando total desinteresse continuando o caminho até seu irmão.__ Não foi por isso que vieste ? - Kade cruza os braços no peito descrente , observando Dumas pelas costas .__ Não estás curioso ?__ Não! - Dumas responde se hesitar, respirando fundo, a preocupação mais forte que a curiosidade. __Nem um pouco!Dumas não conseguia entender aqueles sentimentos que o invadiam, seu irmão estava deveras confuso,
O meu corpo entrou em alerta ao dar com o olhar de Dumas e Dorian , eles eram realmente identicos , de rosto, até de corpo, mas pareciam diferentes de todos os homens que conhecia . O cabelo negro com fios dispersos azulados lhes davam um ar exotico naquele rosto quadrado e másculo, mas o que me chamava atenção mesmo, era a intensidade e a cor anormal de seus olhos quase transparentes, nunca tinha visto nada assim. Com um postura apreensiva, Dorian estava vestido todo de negro como seu irmão Dumas que do pescoço aos pés vinha revestido de couro. Excepto que Dorian só trazia uma regata escura e calça. O tórax era musculado e pelo que eu tinha percebido pelo toque de seu corpo, era bastante forte assim como Dumas quando me prensou contra a parede.Quando se afastou eu o segui com o olhar, cautelosamente. No fundo eu tinha vontade de ficar
Já era o segundo gole que dava na bebida que Leana tinha arrancado das mãos de Dumas antes dele sair deixando uma revelação avassaladora. Minha careta era evidente de toda a vez que o liquido seguia pela minha garganta abaixo, aquilo era álcool puro.Respirando fundo entrego o copo a Dorian que continuava na minha frente , de imediato ele o esvazia de um só gole, me observando preocupado ainda por toda aquela fantástica situação. "Eles bebiam sangue ...e de humanos" . Balançando a cabeça olho para Leana um pouco descrente ao ver seu rosto tão angelical.__ Quer dizer que ...- Olhando um a um, ainda incrédula , paro somente no velho Frade Thomas .__ Vocês são todos ...vampiros ?__ Não todos !- Frade Thomas sorri apontando para os homens naquela sala. __ Somente Kade, Erick, Dorian e. ..como já sabes...Dumas .__ Pelo menos não sou a única humana aqui presente .- Suspirando com alivio , sorri na direção de Leana,que no momento ia
Ainda de costas coladas à porta, no interior do quarto , levo a mão à boca atordoada pelas sensações incríveis que Dorian tinha provocado, somente com um beijo. Eu estava em combustão espontânea,, meu corpo esquentava de uma forma tão intensa que me fazia ficar sem ar. Não podia negar que ele me atraia imensamente apesar de ser ...diferente. Aliás, mesmo sendo rude , insensivel, completamente arrogante,seu gémeo, Dumas tambem mexia comigo, mesmo me intimidando um pouco, ficava excitada da forma como ele me tratava . A tal vertente um pouco submissa que eu achava que era, e mesmo antes fantasiava em certos aspetos na intimidade. Claro com Francisco, nem isso ajudava a me estimular, tinha a ver com a própria natureza do homem ser dominante , e o meu ex namorado não era. Mas Dumas era completamente dominante em todos os aspectos de sua vida , imaginava eu.Um rubor assola de novo minhas bochechas ao ter as mais sacanas fantasias com Dumas e Dorian, m
__ Como estás com todas estas descobertas ?- Leana como sempre era um bom apoio para mim. Enquanto todos os outros espalhavam documentos na mesa de jantar ela se preocupava com meu espírito.__ Dentro do possível... - Mordo o lábio quando Dumas sai mostrando completo desinteresse por aquilo que queriam testar . __ Dumas parece que me odeia !__ Nada disso. - Ela sorri sussurrando. __ Provavelmente vai até à cidade, ele tem casa lá!__ Serio? - Um pouco espantada a encaro . Dorian e Dumas eram irmãos gémeos , pertencentes a uma Elite de Vampiros, pareciam uma família unida ali. __ Pensei que vivesse aqui, com Dorian?__ Já viveu !- Leana se levanta para preparar um café me levando com ela até a pia . __ Parece que estava cansado , sei lá...talvez precisasse de um pouco de espaço pessoal, afinal aqui é só homens e no clube há muita distração...- Leana pára de falar de repente, encarando constrangida Ursula. __ Quero dizer ..isso era antes ..._
O meu corpo tremia , formigando enquanto se acalmava do prazer intenso que tinha acabado de sentir. Minha respiração era ofegante , o coração ainda palpitando forte enquanto processava as palavras declaradas sensualmente ao meu ouvido. Arregalando os olhos , lambo os lábios secos , sem saber como reagir ao choque do que ouvira .Cautelosa e completamente sem palavras me viro bruscamente , o encarando incrédula por momentos .__ Dumas ? - Eu não podia acreditar quando ele esboça um sorriso de lado , olhando meus seios com malicia . Se ele sempre me desprezava , como podia ter fingido ser Dorian e me dar prazer de uma forma que pensara nunca ser possível sentir ,com um homem. __ Mas ... tu ... não vives na cidade ?__ Vivo!- Ele resmunga as palavras a encarando com uma sobrancelha levantada . __ Mas isso não significa que não possa dormir aqui de vez em quando, ainda tenho meu quarto no Mosteiro .__ Mas eu ....eu ... pensei...- Completam