O som seco do golpe ecoou pelo ambiente, deixando a mão de Scarlett levemente dormente. Ela olhou para Henry, atônita. Por um momento, ele pareceu incrivelmente imponente. Jamais teria imaginado que ele pegaria sua mão para fazer algo assim.O silêncio que tomou conta da sala era quase ensurdecedor.Amelia, vendo Joseph levar o tapa, sentiu uma satisfação secreta. Agora, com certeza, Joseph jamais perdoaria Scarlett.Os olhos de Joseph estavam vermelhos de raiva e incredulidade. Sua voz saiu com um tom de indignação:— Scarlett! Você teve a coragem de me bater?Ele parecia não acreditar que ela não temia sua reação, ou que talvez nunca quisesse falar com ele de novo.Scarlett lentamente fechou a mão, absorvendo o momento. Ela sentiu uma pontinha de satisfação.— Você me bateu antes. Eu só devolvi. Algum problema com isso?— Mas eu sou seu irmão! — Joseph retrucou, ainda mais indignado. — Eu estava tentando te impedir de falar besteira e causar um desastre! Isso não é a mesma coisa!Jo
Henry baixou os olhos e encontrou os dela. Seu olhar sereno transmitia uma calma inexplicável, que conseguiu tranquilizar Scarlett. Joseph, no entanto, explodiu de raiva: — Como assim? Nós somos os tutores dela! Quem vocês pensam que são para tomar esse tipo de decisão? O advogado interveio, bloqueando Joseph com firmeza: — Senhor, Scarlett solicitou uma medida protetiva de afastamento. A partir de agora, o senhor está proibido de se aproximar dela por seis meses. Se voltar a machucá-la, será processado imediatamente! Joseph ficou em choque, incapaz de pronunciar uma palavra sequer. A raiva e a culpa se misturaram em seu rosto. Liam, ao ouvir aquilo, sentiu um desânimo profundo. Naquele momento, percebeu de verdade que talvez estivesse prestes a perder a irmã. Tentando uma última cartada, ele se rendeu: — Letty, eu sei que errei. Não fiz o suficiente por você e te deixei passar por coisas que não devia. Mas eu prometo, isso nunca mais vai acontecer. Não podemos continuar
Naquele momento, Scarlett estava sentada no carro com Henry. Observando o fluxo de carros ao redor, ela não conseguiu esconder sua preocupação: — Meus irmãos com certeza vão mandar alguém me procurar, e também vão atrás de você na escola. Afinal, aquele era o território da família Miller. Esse era o motivo pelo qual ela sempre suportava tudo em silêncio, esperando o vestibular para finalmente deixar aquele lugar. Scarlett sentia-se culpada. No fundo, achava que estava complicando a vida de Henry. Henry não resistiu e bagunçou de leve o cabelo dela, tentando tranquilizá-la: — Não se preocupe, eles não vão conseguir te encontrar. O que você precisa pensar agora é onde vai morar. Scarlett suspirou profundamente: — Vou alugar um apartamento. Era algo que ela já vinha planejando há tempos, mas nunca tinha tido a oportunidade de colocar em prática. Até preferia que Liam realmente a tivesse expulsado de casa. Assim, não precisaria se preocupar tanto. — Eu conheço um lugar on
Henry olhou para o vídeo em que uma garota fazia os doze acertos consecutivos, e sua expressão suavizou. Após tantos anos, apenas ela conseguiu realizar esse feito. Os dois começaram a jogar, formando uma equipe que cooperava perfeitamente para completar as missões. Henry interrompeu o jogo e perguntou: — Você já jogou com a classe de lutador? — Nunca. A classe que eu mais jogo é a de atirador. — Você deveria experimentar jogar como lutador. Talvez seja uma classe que combine mais com você. Scarlett arregalou os olhos ao ouvir isso. Na vida passada, aquela pessoa também havia dito a mesma coisa: que ela deveria jogar como lutador. Na época, porém, ela só queria ser atirador, já que o time de Joseph precisava de alguém dessa classe. Seu coração acelerou. Seria possível que Henry fosse aquele jogador que ela conheceu na outra vida? Naquela época, ela nunca teve a chance de encontrá-lo pessoalmente ou agradecer. Era uma de suas maiores pendências. — Por que está me olhando
Scarlett estava encostada no peito dele, completamente atordoada. Henry abaixou a cabeça e viu apenas a testa lisa dela. Os fios molhados de cabelo estavam entre os dois, deixando marcas de água que se espalhavam e tornavam a roupa dela um pouco transparente. Ele engoliu seco e a afastou delicadamente. — Essa roupa é nova, nunca foi usada. E os sapatos... Bom, você vai precisar improvisar com esses por um dia. Scarlett olhou para as roupas deixadas no hall de entrada e, com as bochechas coradas, murmurou: — Obrigada. Henry, vendo a postura despreocupada dela, não resistiu a dar mais um conselho: — Não abra a porta para qualquer um à noite. Ela respondeu com firmeza e serenidade, os olhos fixos nos dele: — Porque eu sabia que era você. Os olhos de Henry encontraram os dela por um instante antes de desviar rapidamente. Ele ficou desconcertado e falou de maneira meio áspera: — Certifique-se de trancar a porta. De pé na entrada, Scarlett sorriu de leve. Ao olhar para
Joseph também se aproximou, com uma expressão complicada ao olhar para Scarlett. Ele sequer precisava ter levado Amelia à escola naquele dia, mas, por alguma razão inexplicável, acabou indo. Afinal, sabia que Scarlett certamente estaria lá. Na noite anterior, ele mal pregou os olhos. Era insuportável pensar que havia sido punido com seis meses de afastamento de Scarlett. Que tipo de punição absurda era essa? Scarlett não pareceu surpresa ao vê-lo: — Amelia não costuma passar as noites fora com vocês? Os olhos de Amelia se encheram de lágrimas, vermelhos de aparente mágoa: — Letty, como você pode dizer isso? — Scarlett, o que você está insinuando? Amy é minha irmã! Peça desculpas agora mesmo! — Joseph retrucou, visivelmente irritado. Scarlett manteve o semblante frio: — Foi ela quem começou com as insinuações. Estou apenas aprendendo com ela. A voz de Amelia saiu embargada, quase chorosa: — Eu… Eu não quis dizer isso. Você entendeu errado. A paciência de Joseph,
Scarlett olhou para aquele ursão de pelúcia. Ela nunca havia concordado em participar da final. Aquele modelo de urso era de uma marca que ela já tinha gostado no passado. E esse em específico era uma edição limitada, difícil de encontrar. Na sua vida passada, ela só conseguiu comprar um desses depois de muito esforço. Mas, por causa de uma live que Amelia queria fazer, onde precisava de um urso de pelúcia para sorteio, Joseph a forçou a dar o urso para Amelia. No final, o urso foi sorteado para um suposto fã, que, na verdade, era um lunático. Ele desmontou o urso em pedaços, colocou ratos mortos dentro e enviou de volta para Scarlett. Ao encarar aquele urso agora, Scarlett sentia como se estivesse revivendo as tragédias da sua vida passada. Coisas que ela já tinha tentado esquecer sempre acabavam voltando de alguma forma. Ao lado, alguns fãs de Scarlett começaram a perguntar: — Scarlett vai mesmo participar da final? Mas ouvi dizer que ela não está na lista oficial do time
Scarlett não estava com uma expressão das melhores. Já esperava que fosse assim. — Letty, agora eu sou seu tutor. Aquele médico escolar não é. Já tem gente falando sobre vocês na escola. Posso te deixar em casa para se preparar para os exames. Scarlett abaixou os olhos, tentando esconder a raiva que subia. Com a voz rouca, ela perguntou: — Então, quando você disse que não ia me deixar passar por dificuldades, era isso que queria dizer? Liam suspirou, parecendo frustrado. — Tudo o que eu faço é para o seu bem! Problemas entre família não são nada que não possa ser resolvido com calma. Você realmente precisa fugir de casa para nos pressionar? "Para o meu bem." Era sempre a mesma justificativa. Mas por que, na última vida, a abandonaram ao ponto de ela ter um fim tão trágico? Com o rosto inexpressivo, Scarlett continuou andando. Agora, sua única motivação era a contagem regressiva para o vestibular. Não podia causar problemas para Henry. Embora hoje tivesse escapado de algo