— Não precisa. — Afonso recusou-se de forma decisiva: — Fica em casa para fazer companhia à mamãe Vitória e ao Rafael. Eu consigo sozinho....No hospital. Havia muitas pessoas.Sarah estava muito nervosa.Ela segurava minha mão com força, mas seus olhos permaneciam fixos à frente.Tomei a iniciativa de perguntar: — Sarah não quer ver os avós?Sarah respondeu sem hesitar: — Quero!Pude sentir que ela estava muito tensa.Igor já havia parado na porta do quarto.Eu me agachei e comecei a acariciar suas costas suavemente: — Mas você parece não estar muito feliz.Foi então que Sarah finalmente olhou para mim.Perguntei com uma voz suave: — Podia me dizer o que está acontecendo?Sarah abaixou a cabeça.Eu sorri e disse: — Tudo bem se você não quiser falar agora.— Quando voltarmos à noite, eu te conto— , disse Sarah com uma voz baixa.Se ela estivesse disposta a me contar, então eu poderia entender o problema.Assim, seria mais fácil para mim ajudá-la a abrir seu coração.Afaguei sua cabeça
Desde então, Sarah sentia que, ao vê-la, os avós se lembravam da morte dos pais...E ela não ousava mais falar com eles. Ela temia que os avós a detestassem.Quanto mais eu ouvia, mais meu coração doía: — Mas, Sarah, um acidente está fora do seu controle, não está?Os olhos de Sarah estavam cheios de lágrimas.Continuei: — No dia do acidente, independentemente de você estar no carro ou não... Não poderia ter impedido o que aconteceu. Então, não é sua culpa.Eu abracei Sarah: — Você também é uma vítima.— Mas... — Sarah começou a chorar copiosamente: — Naquele dia, minha mãe morreu tentando me proteger.Eu ajeitei o cabelo dela: — Sua mãe te amava muito, Sarah, você precisa saber que, mesmo se ela pudesse escolher novamente, faria a mesma escolha.Sarah parou de chorar e me olhou atentamente.Continuei: — Mesmo antes de morrer, ela certamente ficou muito grata por saber que sua filha sobreviveu.Sarah perguntou, confusa: — É verdade?— Sim. — Eu falei mais devagar: — Embora ela tenha pa
Ao ouvir isso, percebi que, no carro, eu estava tão focada em explicar que a culpa do acidente não era dela. Mas esqueci de contar a ela sobre o que os dois idosos pensavam.Eu disse calmamente: — Você se lembra do que eu acabei de falar?Sarah Rocha acenou com a cabeça: — Claro que me lembro.— Seus avós estavam tristes naquele momento porque sua mãe era a filha biológica deles. — Eu falei mais devagar: — E ela se foi para sempre.— É como... — Eu diminuí a velocidade da fala, acariciando seu rosto: — Você certamente também estava sofrendo.Sarah pensou no que aconteceu naquele dia e baixou os olhos inconscientemente.Continuei: — Mas depois, eles com certeza ficaram aliviados por você ter sobrevivido.Sarah se levantou: — Sério?Eu acenei com a cabeça enfaticamente: — Claro.Sarah girou no lugar, feliz: — Que bom!Eu a observei e perguntei: — Então agora, Sarah, sabendo que seus avós sempre te amaram e nunca te culparam, você consegue falar com eles agora?Sarah parou.Ela fez uma ca
Os olhos de Igor brilharam com um sorriso, enquanto ele desfrutava elegantemente do banquete à sua frente....Afonso Guedes estava sentado no carro, observando a mansão iluminada.O que elas estariam fazendo agora? Seria que estavam jantando?Ou talvez mamãe Eunice acolhia Sarah gentilmente em seus braços, assistindo televisão com ela?E, conforme a trama se desenrolava, ela aproveitava para compartilhar algumas lições de vida?Afonso sentia um aperto no coração só de pensar que sua mãe, que um dia dedicou todo seu amor e paciência incondicionalmente a ele, agora distribuía esse carinho a outros...Era como uma dor cortante.O motorista, segurando o volante, observava Afonso pelo retrovisor.Percebendo seu humor abalado, ele perguntou: — Quer que eu leve você para casa?— Sim....Quando Júlia Gomes chegou à mansão, já eram nove horas da noite.Sarah já havia feito sua higiene noturna e estava deitada na cama, pontualmente.Eu estava sentada ao lado dela, com um livro de histórias em
Júlia não tinha a menor noção do quão maldosas eram suas palavras: — Assim você não precisaria cuidar dela, talvez já tivesse encontrado uma namorada e casado... Eu também poderia ter um neto nos braços mais cedo!— Ah. — Igor soltou uma risada fria, e a decepção em seus olhos também desapareceu gradualmente. Em seu lugar, surgiu um frio cortante como o inverno.Ele disse, pausadamente: — Já que até agora, você não reconheceu seus erros.— Então... Você não deve mais vir à minha casa, nem me procurar em qualquer ocasião.Júlia perguntou, incrédula: — O que você quer dizer?Igor disse, calmamente: — Para mim, Sarah é como se fosse minha própria filha. Você, sem distinção, jogou toda a responsabilidade sobre ela, culpando-a... É como se você achasse que o erro foi meu, me culpando. Querer que ela morra é como querer que eu morra.Sem expressão alguma no rosto, Igor falou com gravidade: — Você foi tão cruel comigo... Eu naturalmente tenho que reagir. Caso contrário, se isso se espalhar, t
Agora, ela se despediu do passado.Tornou-se uma pessoa mais gentil e forte.Mesmo que ele estivesse irritado há pouco, no momento em que abraçou Eunice, todos os sentimentos negativos desapareceram. Seu coração ficou em paz.Igor já tinha resolvido as questões relacionadas a Júlia, naturalmente, não iria mais desperdiçar seu tempo com ela.Ele pegou o celular e ligou para o secretário.— Amanhã, antes das aulas no jardim de infância. Quero que todos na escola saibam o que Vitória Silva fez.— Certo....Afonso abriu a porta. As luzes da sala estavam acesas.Wesley Guedes imediatamente se aproximou: — Por que você demorou tanto para voltar?Afonso estava sem energia: — Eu já tinha explicado pelo celular.Wesley, vendo seu desânimo, preferiu não dizer mais nada.Vitória sabia que, agora que Wesley estava sendo mais gentil com ela, deveria aproveitar essa oportunidade para se mostrar.Ela se levantou, segurando a barriga: — Afonso, você sabe o quanto estávamos preocupados com você voltan
Finalmente, consegui se conter.Vitória disse com delicadeza: — Estou tão feliz agora.Wesley respondeu de forma desinteressada: — Eu também....Como de costume, chamei Sarah para levantar-se cedo hoje.Depois de sair do quarto, Sarah foi logo chamar Igor.Finalmente, corremos várias voltas pelo quintal antes de parar.Acompanhei Sarah para tomar banho.Após alguns dias de exercícios, Sarah já tinha se acostumado. Agora, mesmo cansada após a corrida, ainda conseguia tagarelar comigo.Ela ficou quieta, deixando-me lavá-la: — Mamãe.Continuei com meus movimentos: — Hmm?— Eu sinto que tenho sido diferente ultimamente, — disse Sarah, com um tom de alegria na voz.Surpresa, perguntei: — Como assim?Sarah explicou baixinho: — Antes dos exercícios, se alguém falasse de mim, eu ficava chateada, triste.— Depois dos exercícios, se eles me provocassem, eu pensava: quando eu estiver com o corpo em forma e tiver algum sucesso nas artes marciais... Eu vou revidar.Sarah falou e não pôde conter o
— Ela não queria falar... — Eu escolhi cuidadosamente as palavras: — Mesmo que você se preocupe com ela, é impossível saber o que ela passou. Nem falar em defendê-la.Eu diminuí o ritmo da fala: — Então, você não deve se culpar. Além disso, a Sarah já está melhorando.Narrei para ele tudo o que Sarah havia me dito no banheiro.Igor permaneceu em silêncio por um longo tempo antes de dizer: — Eunice, obrigado. Foi você, depois de se tornar uma figura materna para ela, que a guiou gentilmente, permitindo que ela começasse a se recuperar.O tom de Igor era sério.— Quando eu estava mais desamparado, você me ofereceu um emprego— , eu me virei para Igor. — Por direito, eu deveria ser a agradecida.Igor levantou a mão, pousando-a em minha cabeça.Esta era a segunda vez...Eu olhei para ele, sem saber o que fazer.Igor não apenas não retirou a mão, mas também a acariciou suavemente: — Não precisa ser tão formal comigo.Eu sorri em resposta: — Você também.Igor retirou a mão: — Está bem....Ao