Alana:Havia uma interrogação enorme em seu rosto. As sobrancelhas curvadas e os lábios entre abertos evidenciavam isso.Quem aquele cowboy chucro pensava que era para se achar no direito de se sentar na minha mesa, interromper a minha refeição e ainda perturbar a minha pouca paz?Connor Mackenzie, por mais que eu não me recordasse de seu nome, de uma certa forma ele me parecia estranhamente familiar. Quem era na verdade esse cara? E por que a presença dele me incomodava tanto?— Além de ser um burro chucro, você também é surdo? — questionei cruzando os braços.— Nossa, você é mesmo uma pessoa franca e direta! — ele observou — Como pode dizer essas coisas assim, sem nem mudar o rosto? Já parou para pensar que as suas palavras podem machucar verdadeiramente alguém?— Não! — neguei sem pensar duas vezes — Enfeitar, florear ou tentar deixar algo mais fácil de dizer para alguém pode tornar a vida dela mais difícil no futuro, já que o mundo a nossa volta bão perdoa nunca e está sempre de o

Alana:— Ei, espera aí! — ele pediu vindo atrás de mim e segurando firme o meu braço — Vai com calma!O que ele queria agora? Já não era constrangedor demais ter dormido com ele e nem sequer tê-lo reconhecido?Afinal de contas, por que aquele babaca não me disse nada sobre isso? Me deixou agir como uma completa estranha e ainda me provocava?— O que é agora? — perguntei puxando o meu braço de seu aperto.— Deixa que eu te levo de volta para o hotel! — ele sugeriu.— Me levar? — meu coração disparou — Não precisa, eu vou a pé, eu preciso tomar um pouco de ar fresco! — menti, na tentativa de fugir daquele cowboy fingido.— Tem certeza? — ele questionou com uma interrogação enorme no rosto.— Por que eu não teria? — perguntei.— Porque é bem longe daqui até o Hotel Super 8 by Wyndham! — ele disse — Quer mesmo ir a pé?— Eu posso sempre pegar um táxi! — falei.— Ah, um táxi! — ele observou cruzando os braços.Droga, aquele imbecil do Jack estava por aí com o carro do Will, e em uma cidade

Lisa:Eu estava bem curiosa quando a Alana me chamou para almoçar. Eu sabia que ela tinha algo para dividir comigo, aquela pulguinha atrás da orelha não me deixava pensar em outra coisa que não fofoca.Eu esperava qualquer coisa, menos o que viria a seguir.— Como disse? — questionei confusa — Eu não sei se entendi direito.— Uma amiga minha, conheceu um cara no passado e acabou acidentalmente dormindo com ele...Ela estava com certeza, falando de si mesma.— Acidentalmente? — questionei — Eu estava aqui imaginando como alguém acaba dormindo com alguém acidentalmente.— Ela não queria ter feito isso! — ela se defendeu — É que...— Não queria? — a interrompi novamente — Ela estava drogada?— Não!— Bêbada?— Não!— Ele a forçou? — Não.— Então, sinto muito em te dizer, minha cara amiga, mas a sua amiga em questão, quis fazer isso tanto quanto esse cara! — declarei — Esse negócio de dizer que foi acidentalmente ou que não queria ter feito é uma simples desculpa para se justificar. Sua

Lisa:— O que disse? — ela perguntou em choque.— Eu te vi entrar na caminhonete do Connor, Alana! — contei — Aquela noite, no ginásio, quando você saiu correndo eu fui atrás de você e te vi entrar no carro do Connor. E como você não voltou para a sua casa, nem foi para a minha, eu imaginei que estivesse na fazenda dos Mackenzie.— Isso não significa que eu dormi com ele! — ela se defendeu.— Aí Alana, por favor né! — reclamei — Não existe amiga nenhuma, e o cara de quem você estava falando é o Connor. — O que você quer dizer? — ela questionou — Aquele cowboy chucro e eu...— Exatamente, e não adianta tentar mentir para mim! — falei — Ninguém te conhece tão bem quanto eu. Sempre fomos mais que amigas, somos irmãs. Por fora você pode ter mudado, ter criado uma casca em volta de si, mas por dentro continua a mesma Alana que eu conheço desde o jardim de infância. Pode ser sincera comigo, eu não vou julgar você.— Lisa eu nunca...A encarei impaciente esperando uma nova negativa de sua p

Jack:Me sentei na cadeira atrás da mesa e respirei fundo enquanto encarava a foto sobre a mesa.Ela havia finalmente retornado a Erwin. Segurei o porta retrato entre as mãos e toquei suavemente a foto. Alana tinha um sorriso doce e gentil nela. Eu me lembrava exatamente de quando tiramos aquela foto juntos, foi dois meses antes da nossa formatura. Dois meses antes dela descobrir a merda que eu estava fazendo com a cretina da Amanda, e me deixar sem pensar duas vezes. Eu sabia que era merecedor de toda a sua raiva e desprezo, mas ser tratado com tamanha indiferença por ela depois de nove anos me deixou sem chão.Só quando ela saiu batendo a porta daquele vestiário, com o rosto coberto de lágrimas foi quando eu percebi que havia destruído todo o nosso futuro juntos, todos os nossos sonhos, tudo por um vacilos por não conseguir me controlar quando uma mulher qualquer me deu mole.Enquanto eu a traía com a sua própria irmã eu dizia para mim mesmo que aquilo era só passageiro, que era a

Jack:As pétalas das rosas vermelhas ficaram espalhadas pelo chão do hotel, enquanto ela seguia pisando nelas com seus sapatos caros.— Por que? — foi a única coisa que eu pude dizer.— Já disse, sou alérgica a rosas! — ela repetiu as palavras, que eu sabia bem que eram mentirosas.— Eu te dei rosas no ensino médio! — a lembrei.— E daí? — ela perguntou friamente.— Você não é alérgica! — afirmei.— Sou alérgica as rosas que você compra! — ela disse — Tão alérgica que mal consigo olhar para elas.— Eu estou tentando me desculpar com você! — falei — Eu vim apenas para te pedir perdão. Me perdoe, Alana.— Já pediu, se sente melhor? — ela perguntou cruzando os braços.— Bem, eu...— O perdão só serve para quem fez o mal, para quem sofreu com ele, não apazigua dor alguma! — ela disse olhando nos meus olhos — Você pode ir embora agora. Saia pelo mesmo lugar onde entrou.Quando ela se virou para sair, segurei seu pulso, a fazendo ficar.— Solta! — ela disse firme.— Não! — insisti.— Eu dis

Alana:A grande fileira de capim verde e suntuoso desfilava pela janela da velha caminhonete dos Margolin.Lisa dirigia atentamente pela estrada de chão enquanto seus lábios insinuavam um sorriso.Por que ela está assim tão feliz? — Parece que estamos no colégio de novo! — ela disse — Saindo juntas como nos velhos tempos.— Você não tinha carteira de habilitação no colégio! — declarei — Éramos focadas em estudos e não em sairmos por aí de carro!— Nossa como você é estraga prazeres Alana! — ela queixou — Deveria praticar a arte de ser um pouco menos azeda.— Obrigada, mas eu dispenso! — falei.— Você é mesmo uma megera, como dizem! — observou.— É, eu sou sim! — concordei.Lisa deu um sorriso travesso.— Por que estamos indo mesmo a fazenda dos Mackenzie? — ela questionou — Não me diga que resolveu dar uma chance ao Connor.— Não! — neguei firmemente — Minha chefe é uma grande admiradora do seu grande amigo cowboy, e ela quer ele na capa da CG Magazine. — O Connor? — ela sorriu surp

Alana:O que ele disse?"Mas nem pensar?" Mas que audácia a dele recusar um convite da própria presidente. Quem ele pensava que era? — Você não vai fazer? — questionei dando a ele uma chance de pensar melhor.— Não vou! — ele se negou novamente — Sou só um caipira sem eira nem beira, do interior do Tenessee, por que eu tiraria fotos para a capa de uma revista de moda?Eu também pensava da mesma forma. Pelo menos nisso nós concordamos, mas eu conhecia bem a presidente, e ela não aceitaria tão fácil um não como resposta.— Foi um convite feito pela própria presidente da CG Magazine, e o pagamento é realmente muito bom! — declarei — Ela encontrou um calendário sobre as doze maiores beldades masculinas de Erwin, e agora deseja que você seja modelo da capa de março.— Eu não conheço a sua chefe! — ele disse se aproximando mais e olhando nos meus olhos — E não costumo atender pedidos de estranhos.Por alguns instantes, por causa da minha frustração, eu acabei me esquecendo de que aquele

Alana:Deixei o quarto em direção a escadaria do hotel, estava atrasada dez minutos, por causa de toda a tensão sobre meus ombros, fiquei até mais tarde tentando encontrar uma maneira de convencer aquele cowboy imbecil a ser modelo de capa da CG Magazine, mas o cansaço e o sono me venceram, e acabei dormindo mais que a própria cama.— Alana! — uma voz familiar chamou o meu nome quando eu atravessava o hall do hotel.Me virei em sua direção e contemplei com desânimo a figura loira e feminina tão familiar a minha frente.— Eu já ia pedir para chamarem você! — ela disse com um sorriso astuto brincando em seus lábios — Que bom que você desceu.— O que você quer Amanda? — questionei em desânimo.— Parece que você está recebendo muito bem na sua revista de moda! — ela observou — Tem dinheiro o suficiente para se manter tantos dias em um hotel três estrelas e meia.Constatei com um sorriso que as provocações dela não surtiam efeito algum sobre mim, nem a presença dela me incomodava. Isso que

Alana:— Alugar um carro! — Lisa sorriu ainda incrédula, mesmo quando já estávamos em frente a loja de automóveis — E eu achando que você me acompanhou por amizade.— Não posso depender das suas caronas para resolver meus assuntos! — falei.— Achei que realmente estivesse se interessando pelo meu casamento com o seu irmão. — ela comentou fazendo um biquinho.— Não seja tão dramática! — pedi a arrastando para dentro — Mesmo que o propósito real não tenha sido esse, eu te acompanhei durante toda a prova do vestido, certo?Ela me segui fazendo uma careta zangada.Haviam vários modelos de carros, mas nenhum deles fazia muito o meu estilo.— Que tal esse? — o atendente perguntou apontando para um Jeep Wrangler preto — Os jovens de hoje em dia gostam muito desse modelo de carro!— Eu tenho cara de quem gosta desse tipo de automóvel? — perguntei cruzando os braços, enquanto o atendente engoliu seco um tanto desconcertado.— Talvez se me disser o tipo de carro que deseja alugar...— Não há na