POV AbigailMinha boca estava dormente, saliva escorrendo pelos cantos, enquanto sentia meu coração cada vez mais rápido. Minha visão começou a turvar e meu centro de gravidade se perdeu completamente. Mesmo de joelhos, eu não conseguia parar de cambalear, batendo com força a lateral do meu corpo na bancada da cozinha. Minhas mãos tremiam violentamente enquanto a fraqueza tomava conta dos meus membros. Ergui minha mão com dificuldade, Henrique já estava ao meu lado com o celular no ouvido. Alcancei a caixa de doces e peguei um deles, apertando com o máximo de força que tinha naquele momento. Tudo ficou silencioso quando o recheio cremoso do chocolate escorreu pelos meus dedos. Era verde-claro, o cheiro doce predominante. Por mais que não tivesse nenhum cheiro característico ou sabor, estava claro que aqueles doces haviam sido envenenados. Queria rir da minha ingenuidade, mas não tinha forças nem mesmo para aquilo. Lena apareceu no corredor, seu rosto pálido ao nos ver no chão.― Fiqu

POV FelixAlgo parecia errado enquanto eu esperava chamarem para o embarque. Não queria deixar Abigail, especialmente quando tudo entre nós estava resolvido, mas o cretino do Benjamin parecia não entender a complexidade de sua função nos meus planos. Precisava voltar e confirmar com o outro idiota as informações sobre o que estava acontecendo na Umbra. No final, informaram que o voo atrasaria mais de trinta minutos por conta do clima, me irritando ainda mais.Meu celular tocou no bolso do meu casaco. Era o número de Abigail. Sorri ao ver seu nome na tela, tentando adivinhar o motivo para ela estar me ligando, já que nunca havia feito aquilo antes.― Já está com saudades? ― Brinquei me sentando na poltrona de couro da área vip da companhia aérea.― Alfa Nigthshade. ― A voz da loba que estava cuidando da Abigail ecoou pelo aparelho, trêmula e assustada.― Onde está a Abigail? ― Perguntei já me levantando e pegando minhas coisas. A loba do outro lado soltou um soluço baixo e contido, faz

POV AbigailMeu corpo ainda estava estranho, leves tremores acometiam meu corpo em vários momentos, mas nada como quando eu havia chegado no hospital. Lena ficou ao meu lado o tempo inteiro, o que me fez acreditar que, no final, Henrique atendeu ao meu pedido e não disse nada para o Felix.Graças ao tratamento rápido, comecei a me recuperar em poucas horas. A grande maioria dos sintomas já havia desaparecido, mas ainda me sentia fraca para levantar. Olhei pela grande janela, para o céu cinzento que se estendia, cobrindo os poucos espaços azuis ainda visíveis.― Ele já deve estar na alcateia. ― Minha voz estava áspera por conta dos vômitos e a falta de água. A porta se abriu e Lena entrou, em suas mãos havia uma bandeja com um aroma delicioso. A loba sorriu ao notar meu interesse na comida e foi logo buscar a mesa. Era uma porção pequena de frango grelhado com legumes e uma garrafa de água, mas parecia delicioso.O médico que me atendeu entrou no quarto, olhando uma pasta enquanto fra

POV AbigailEnquanto Seraphine estava distraída, tentei correr na direção da porta do quarto, mas minhas pernas falharam. Meu corpo não respondia corretamente aos meus comandos, os efeitos do envenenamento ainda presentes. Meu coração acelerou quando senti que ela voltava a se aproximar. Me virei, Seraphine com olhos vazios, parecia completamente desconectada com a realidade. Suas pupilas estavam dilatadas, com uma aparente vermelhidão.A loba, que antes parecia uma linda boneca de porcelana, naquele momento estava completamente diferente. Seus cabelos estavam desgrenhados e seus lábios rachados. Ela batia com a lâmina da faca em sua perna várias vezes, o que me fez ficar em alerta máximo.Claramente, ela estava tendo um surto, por isso se tornou imprevisível. Apesar da minha curiosidade de como ela havia conseguido entrar tão fácil no meu quarto, minha prioridade era neutralizá-la. Não podia atacar diretamente, seira como se estivesse me jogando na faca. Precisava fazer com que Serap

POV FelixSó conseguia pensar em como arrancaria a língua podre de Dominic quando o encontrasse. O filho da puta se aproveitou da minha ausência e foi para cima da única loba completamente fora de seu alcance. A raiva se transformou em completa fúria quando vi o carro preto de luxo parando de qualquer jeito em uma das vagas no estacionamento. Dominic saiu do carro, sua respiração irregular, mas se quer lhe dei tempo de perceber a minha presença. Saltei sobre ele, agarrando seu pescoço e o prendendo contra o carro.― Bateu a cabeça quando levantou da cama hoje, Bloodmoon? ― Dominic tentou se soltar, mas a minha adrenalina estava no máximo. Tudo o que ele conseguiu foi se mover de maneira ridícula, tentando alcançar meu braço e afastá-lo. ― Quem você pensa que é?― Felix, me escute. ― Dominic tentou falar com um filete de ar.― Escutar o quê? Que você é um filho da puta, manipulador de merda que apenas esperou que eu desse as costas para dar o seu bote?― Sabe muito bem que não é assim.

POV AbigailA voz do Felix parecia tão longe, mesmo assim era a mais nítida entre todas que chamavam pelo meu nome. Estava cansada, não queria abrir meus olhos, mas todos insistiam para acordar. Tentei abrir meus olhos, levantar meu braço ou mover minhas pernas, mas meu corpo simplesmente não me obedecia. Gemi, irritada por me sentir tão fraca, então as vozes pararam de me chamar por um momento. Tentei mais uma vez abrir meus olhos, focando todos os meus esforços naquele movimento tão simples.― Olhe para mim, minha lua. ― Lentamente, meus olhos se abriram para ver Felix sobre mim. Ele respirou profundamente, encostando sua testa na minha. ― Pela deusa. ― Ele sussurrou com seus olhos fechados.A princípio fiquei um pouco confusa, até que todos os acontecimentos voltaram a minha mente. Seraphine invadindo meu quarto, a facada que recebi e seu corpo estendido no chão, a lâmina cravada no topo de sua cabeça. Virando lentamente meu rosto, pude ver que ela ainda estava ali, coberta com um

POV AbigailOs lobos olhavam em completo choque para o humano, tremendo em desespero já sabendo o final que teriam nas mãos de Felix. O homem respirou fundo, baixando seus olhos.― O nome do homem que nos pagou é Rafael Angenna. Ele prometeu que seria uma coisa rápida, que a menina iria apenas verificar a saúde da irmã dela naquele andar. Após nos pagar, ele foi embora em um carro peto muito elegante.― Seu humano de merda! ― Com um movimento rápido de sua mão, Felix atravessou a boca do lobo, seus dedos saindo pela nuca em uma visão assustadora.Como se não fosse nada, Felix segurava o corpo sem vida daquele lobo com apenas uma das mãos. Ele se virou, fazendo com que todos que estavam vivos, caíssem de bunda no chão. Com cuidado, Felix foi até a porta e jogou o corpo do lado de fora, voltando a fechar a porta.― Não serei tão piedoso com o próximo que interromper. ― Puxando uma das toalhas sobre a bancada, Felix limpou sua mão enquanto retornava para frente do pequeno grupo. ― Fale,

POV AbigailCom a expulsão de Rafael e Rogers da aliança, uma guerra entre as alcateias seria inevitável. Umbra poderia não ter recursos, mas eles seriam supridos pela alcateia de Rogers, que também enviaria lobos para lutar em nome de seu autoproclamado alfa supremo, Rafael Angenna.Tudo aquilo era tão surreal que beirava o ridículo. Fiquei me questionando se aqueles lobos eram idiotas ou se teriam uma grande carta na manga. Afinal, era impossível imaginar alguém desafiando a aliança e Felix daquela maneira.Estava tão perdida em meus pensamentos que demorei para notar o olhar cauteloso que Dominic me lançava. Me senti desconfortável, virando o rosto enquanto eles ainda debatiam como dariam continuidade aquela situação. Tudo o que desejava naquele momento, era poder descansar um pouco. Envenenada e esfaqueada em menos de vinte e quatro horas, acreditava que merecia um momento de paz.― Com licença, alfas. ― Disse em um tom baixo e respeitoso. ― Sinto muito por interromper, mas poderi

POV FelixFoi divertido ter um momento de normalidade com Abigail. Aquela loba estava passando por momentos cada vez piores e me sentia culpado por falhar em protegê-la e dar prioridade as leis da aliança. Nada mais importava, pois eu não a deixaria sozinha novamente. Sentei no sofá observando o teto alto daquele lugar. Nada havia realmente mudado naquele ambiente além de alguns móveis e pintura nova.Pensar naquilo só me fez lembrar do que aquele filho da puta disse para Abigail. Nossa conversa ainda não havia terminado, mas naquele momento, tinha outras prioridades. Puxei meu celular, pronto para enviar uma mensagem para Henrique quando ele entrou no apartamento. Suas roupas sujas com sangue seco. Rosnando baixinho, ele começou a tirar a camisa, a jogando em um canto e indo até a sua pequena bolsa de viagens no canto da sala.― O que conseguiu? ― Perguntei deixando meu celular de lado. Henrique se levantou, vestindo a camiseta preta e olhando para mim.― O que já sabíamos. O Angenna

POV FelixSe fosse uma armadilha ou não, o fato era que não poderia deixar o território da Aliança ainda, não enquanto não resolvesse tudo ali. Mandei uma mensagem para Luz com ordens claras do que deveria ser feito a partir daquele momento. Batedores deveriam ser enviados para inspecionar a fronteira do território junto a soldados. Também ordenei que os grupos de caça encurtassem os períodos de espera e ampliassem suas áreas, de modo a conseguirmos mais suprimentos em caso de uma batalha longa.Como nem todas as decisões poderiam ser tomadas a distância, enviaria Henrique para ficar de frente até que retornasse com Abigail. Sendo verdade ou não o que aqueles lobos disseram, o fato era que o Angenna tinha a Abi como seu principal alvo, o restante era apenas um efeito colateral para ele e seus apoiadores.― Você parte daqui a três horas. ― Disse me virando para a varanda, observando a neve caindo lentamente e se acumulando nos beirais.― Por que não agora? ― Sorri para o beta, que clar