LetíciaEstou realmente apreciando meu novo emprego; adoro ambientes onde parece que todos se entendem bem. No entanto, não posso negar que estou um pouco apreensiva com meu chefe. Selena descreveu-o de uma maneira que me faz imaginar que ele seja bastante temperamental, mas estou determinada a manter-me o mais discreta possível. Durante um café, tive uma conversa longa e agradável com Gustavo. Ele é divertido e brincalhão, o que torna o ambiente leve. No entanto, sinto uma certa preocupação com essa aproximação, considerando que vejo meu namorado, Vinicius, com pouca frequência. Embora ele nunca tenha sido ciumento, nossa relação sempre foi construída sobre uma base de sinceridade e muitos amigos compartilhados.Durante o almoço, um momento inesperado ocorreu: minha cunhada me ligou. Isso me surpreendeu, pois ela raramente faz isso. Com um gesto educado, pedi licença a Gustavo, que acenou compreensivamente. Peguei meu celular e caminhei até o tranquilo jardim ao lado do refeitório, um

Sentada, tentei me recuperar do choque, ainda digerindo a informação surpreendente que tinha acabado de receber. As cenas com aquele homem passavam como flashes em minha mente—não era possível que aquele indivíduo arrogante fosse meu novo chefe. Pior ainda, como sua secretária, eu estaria diretamente ligada a ele, o que parecia surreal, quase como se fosse algo planejado.Selena, percebendo meu estado, chamou-me até sua sala. Entrei e ela gentilmente me convidou a sentar, servindo-me um café. Enquanto eu aceitava a bebida, parte de mim ainda esperava que tudo aquilo fosse uma brincadeira de mau gosto armada para meu primeiro dia de trabalho. A ideia de trabalhar com aquele homem, mesmo se ele fosse apenas um funcionário comum, já era difícil de engolir.— Sei que deve estar em choque, Letícia, mas espero que não desista do seu cargo. Preciso muito de você nesse momento. — Selena falou com um tom carinhoso, e seus olhos pareciam implorar para que eu ficasse. Apesar de sua súplica, dentr

RodolfoParece que nunca senti tanta satisfação quanto naquele momento, observando aquela mulher trazer meu café com passos elegantes e uma postura impecável. Ela é realmente bela, uma morena que tem me deixado intrigado e, confesso, um tanto perturbado. Sua presença desperta em mim a vontade de debater a cada minuto; cada vez que ela abre a boca, é com a intenção de desafiar-me. E eu aprecio isso — não me agradam as mulheres mansas.Por precaução, minhas relações anteriores foram com mulheres bem dóceis. Nenhuma delas realmente me desafiava ou retrucava de forma arrogante, provavelmente por saberem da minha impaciência. As discussões eram sempre amenas, muito amenas. Mas esta mulher, ela atrai minha atenção de uma maneira diferente. Mesmo sabendo que sou um homem poderoso e endinheirado, ela se mostra firme em seu modo de agir, sem dar sinais de submissão.Isso é arriscado, sem dúvida, pois não conheço bem essa "peça" — vai que ela é louca de verdade. Mas, até onde posso perceber, el

A secretária parou de discutir quando viu a criança que acompanhava a governanta. Enquanto eu olhava para Letícia, desafiando-a a continuar, ela abaixou o olhar, mostrando respeito pela presença da criança e da idosa.— O que faz aqui, e por que a Manu está aqui? — Perguntei, surpreso e um tanto irritado com a situação inesperada.— Desculpe, senhor, ela tentou uma fuga da sua residência, estou velha e não consigo ter energia para cuidar da menina... — A governanta explicou, claramente exausta.— Selena, ajeite isso para mim. — Ordenei rapidamente. Selena olhou para minha pequena "Wandinha" e pegou em sua mão.— Ok, venha comigo também, Letícia. — Selena dirigiu-se à Letícia, indicando que ela deveria acompanhar.— Ela fica, pegue sua agenda e venha até minha sala, pra já! — Ordenei a Letícia, que respondeu com um olhar severo. Esses olhos semicerrados provocavam uma estranha excitação em mim, talvez pela sua beleza ou pela maneira como ela despertava minha irritação. Desde o primeiro

LetíciaEra só o que faltava, eu pagando de babá para a filha daquele babaca. A frustração era palpável, mas eu sabia que precisava relevar e manter a paciência, afinal, aquela criança não tinha culpa das minhas questões com o pai dela.Corri atrás de Manu, que descia as escadas numa velocidade impressionante. Agradeço por ter um bom condicionamento físico, caso contrário, jamais conseguiria acompanhar a pequena travessa. Ao vê-la sair disparada pela porta no final da escada, meu coração quase parou; tropecei nos próprios pés e quase caí, mas consegui me segurar no corrimão. Recuperando-me do susto, saí pela porta, e lá estava Gustavo, segurando a menina.— Graças a Deus! Achei que ela já tinha alcançado a rua. — Exclamei, aliviada.— Fique calma, ela é um anjo. — Gustavo respondeu, sorrindo enquanto a menina se debatia em seus braços.— Estou vendo. — Ironizei, observando a menina que me lançava um olhar de poucos amigos.— Manu, seu nome não é? — Tentei interagir, mas ela mal me olh

— Letícia, não pude deixar de ouvir a conversa. Seus pais estão com problemas financeiros? — Selena perguntou, sua expressão mostrando genuína preocupação.— Estamos mergulhados em problemas, me coloco junto já que não largarei as mãos dos meus pais por nada nesse mundo. — Respondi, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros. Selena sorriu, uma mistura de admiração e simpatia em seu rosto.— Parabéns, está muito certo. — Ela elogiou.— Meu pai está com problemas graves de saúde, não consegue mais trabalhar, e minha mãe está por conta de cuidar dele, já que mal consegue se movimentar. Eu e minha irmã estamos cuidando financeiramente deles. Quer dizer, minha irmã né, já que agora que consegui trabalho. — Desabafei, minha voz carregada de descontentamento pela situação. — Acho que se eu fosse para a Bélgica teria mais resultado. — Pensei alto, imaginando alternativas desesperadas.— O que você faria para ajudar seus pais? O que você teria coragem de fazer para dar uma vida mel

RodolfoNo caminho para a casa da mãe de Manuela, meu telefone tocou. Era Selena, dizendo que precisava falar comigo e que tinha novidades. Enquanto ainda dirigia, uma mensagem de Allan pipocou na tela, marcando um encontro imediato. Após deixar Manuela em segurança em casa, segui para o encontro com Allan, que é um agente de mídia responsável por gerenciar minha imagem pública e, secretamente, por me manter informado sobre os movimentos de Patricia. Embora eu odiasse admitir, ainda me importava mais do que deveria com o que ela fazia, uma obsessão irritante que refletia como ainda estava ligado à mulher que me deixou meses antes do nosso casamento.Cheguei ao local combinado e cumprimentei Allan com um aperto de mão firme.— Rodolfo Barros, já faz alguns dias que não te vejo. — Comentou, tentando parecer despreocupado.— Tô curtindo a vida. Agora me dê boas notícias, me diga que a Patricia foi embora de vez para outro país. — Exigi, a impaciência tingindo minha voz.— Desculpa, cara

SelenaConfesso que não esperava que o Rodolfo colocasse Letícia como uma das opções para ser sua esposa por contrato. Enquanto dirigia ao encontro dele, repassei cuidadosamente o que iria dizer. Decidi que não revelaria o nome de Letícia, já que ela havia pedido sigilo, mas pretendia discutir com ele sobre as cláusulas do contrato, levando em consideração as recomendações que Letícia havia feito. No entanto, cheguei e mal tive chance de começar a conversa quando Rodolfo, com uma expressão intensa, me surpreendeu dizendo que queria ela a todo custo como esposa. Observei-o atentamente, tentando entender a profundidade de seu interesse, o que aumentou meu receio. O contrato proposto não sugere envolvimento romântico, e eu sei como Rodolfo reage mal quando negado — ele não é nada paciente. O que esperar dessa relação entre ele e Letícia?Estou com sérios problemas. Com as mãos tremendo ligeiramente, fruto da ansiedade e preocupação, reflito sobre o potencial conflito. Estou preocupada em

ViniciusMinha irmã me ligou apavorada por conta de ter entrado em contato com a Letícia. Ela disse que Letícia havia ficado muito nervosa por ter cobrado o dinheiro que seus pais haviam gasto com o tratamento. Eu havia pedido a Vitória para deixar isso de lado, que eu arrumaria a quantia para ela comprar a merda desse carro, mas ela foi lá e jogou tudo no ouvido da Letícia.Tenho certeza de que Letícia está nervosa por saber que ando enviando dinheiro para minha irmã, mas como eu não iria enviar? Deixaria minha irmã lá na casa dos meus avós sem ajudar em nada? Ajudo minha família mesmo, mas sei que errei em enviar dinheiro para a compra desse carro. Eu não deveria ter feito isso, já que está mais para um luxo do que para sustento. Agora, não sei como falar com a Letícia. Estou com medo de ela não querer me ouvir. Eu a amo e não quero que ela termine comigo. Estou juntando dinheiro para nos casar e poder comprar uma casa na nossa cidade. Estou fazendo tudo isso por ela, por nós. Eu nã

2 Dias depois…SelenaEstou preocupada com a Letícia. Ontem ela veio trabalhar, mas eu estava acompanhando Rodolfo em uma curta viagem a uma cidade vizinha. Gustavo disse que ela estava muito abatida, não almoçou e nem fez o lanche da tarde. Dá para perceber o quanto ele está próximo a ela, sabendo de tudo isso. Rodolfo, por outro lado, me colocou na parede, dizendo que não daria nenhum dia a mais para que Letícia lhe desse uma resposta. E isso porque eu lhe confirmei que havia feito a proposta a ela ontem, e hoje ele já está cobrando sua resposta. Ele até disse que iria até a casa dela para ter a resposta, mostrando o quanto está ansioso.Hoje, achei que iria conseguir falar com ela, mas Letícia não veio trabalhar. Liguei para ela e ela me enviou a foto de um atestado médico. Está com fortes dores de cabeça. No entanto, conseguimos marcar um encontro fora do horário de trabalho. Ela insistiu para que nos encontrássemos ainda hoje.**Após o expediente, fui ao encontro de Letícia. Ma