Melina sempre se sentiu deslocada em sua matilha. Enquanto seus amigos se transformavam em lobos aos 10 anos, ela permaneceu humana, isolada e decidida a escapar para uma vida normal fora dali. Aos 19 anos, escondida durante a intensa temporada da bruma, seu destino cruza com Eron, o alfa viúvo, que há anos jurou nunca mais amar. O encontro desperta um desejo avassalador em ambos, culminando em um vínculo inquebrável. Presos entre o amor proibido e as tradições da matilha, Eron e Melina precisam decidir se podem desafiar o destino. Será que o amor deles pode vencer as barreiras impostas ou as obrigações da matilha os separaram para sempre?
Ler maisEron
Ser um alfa aos dezessete anos não era o que eu imaginei para mim, sempre soube que seria o próximo alfa. Minhas habilidades, minha capacidade de liderança e minha agilidade gritavam isso para o meu pai.
Mas nunca pensei em perdê-lo tão cedo. Meu pai foi traído e enganado caindo em uma emboscada que quase me custou a vida para defendê-lo e a única coisa que carrego daquele dia horrendo é uma feia cicatriz que começa em meu peito e termina em minhas costas.
Lutei bravamente, mas não consegui salvar meu pai. Meu tio, Antunes, é o responsável pelo Alfa que sou hoje. Seguiu ao meu lado me aconselhando junto com o conselho da sede da matilha e meu beta, Lucas.
Quando completei dezoito anos conheci a Leona, uma mulher incrível que me fez perder a cabeça… Logo começamos a namorar, quando eu completei vinte anos estávamos acasalados e à espera do nosso primeiro filho.
Tudo pareceu um sonho nos meses que se seguiram, apesar da minha preocupação em ela insistir a não ir ao médico na cidade e cuidar de sua gestação aqui na matilha com as experientes mulheres mais velhas.
Ela queria seguir o exemplo da minha mãe, sinceramente não sei como ela descobriu sobre isso já que a minha mãe faleceu antes do meu pai, ela foi assassinada por caçadores.
Quando o dia do parto chegou tudo parecia ir bem até que o bebê nasceu, um lindo menino, entretanto, Leona morreu após dar à luz. Descobriu-se depois que ela teve uma eclampsia, nosso filho morreu horas depois.
Mergulhei na escuridão sem fim da melancolia do luto e me fechei para o mundo dos relacionamentos. Agora, quinze anos depois de perder a única mulher que amei e meu tão amado e esperado filho, o conselho da sede da matilha exige que eu me case novamente.
— Alfa, não queremos te colocar contra a parede. Todavia, temos que priorizar a matilha. — Omar, o ancião mais velho do conselho, fala com sua voz tranquila, porém carregada de urgência.
— Omar tem razão. — Lucius, o segundo mais velho agora tem a voz na sala — Você se fechou por quinze anos. Não pensa na sua matilha, na sua família?
— Vocês podem pegar mais leve com ele? — meu tio que é o terceiro mais velho intercede por mim — Ele sabe das responsabilidades dele, não deixou a alcateia na mão em momento algum. Foi firme, dedicado e protetor.
— Você nem deveria fazer parte do conselho, já que é tio dele. — Omar retruca — A familiaridade pode atrapalhar seu julgamento.
— Já chega! — bato na enorme mesa de madeira com os punhos — Não vou admitir que coloquem em dúvida a palavra do meu tio só porque somos parentes. Ele nunca foi contra vocês antes e se está indo agora não acham que ele pode estar certo? Eu não quero um acasalamento com fêmea nenhuma. Me deixem em paz.
— Te daremos mais um ano, Alfa. — Lucius fala — Você tem apenas mais uma ano para aceitar que seu luto precisa de um fim, depois disso iremos escolher uma esposa para você. Essa é nossa palavra final.
Lucius e Omar saem da sala de reuniões da sede da matilha deixando apenas meu tio e eu aqui dentro.
— Meu filho, eu tentei te ajudar… Entretanto, são anos demais, mais de uma década. Eu sabia que em algum momento eles iriam tomar essa decisão por você.
— Por que eles querem tanto me ver acasalado? — pergunto frustrado.
— Um herdeiro! Eles não vêem um futuro herdeiro com a sua atual situação. É tudo por isso. Eles também acham que as fêmeas da matilha precisam de uma liderança feminina forte.
— Então ninguém respeita o que eu quero para mim? Somente a matilha importa, mesmo que eu seja infeliz pelo resto de minha existência.
— Eron, meu filho… — meu tio se aproxima e eu me afasto.
— Não, tio. Eu preciso correr, preciso pensar.
Deixo meu tio na sede da matilha e corro na direção da floresta que cerca nossa alcateia. Alguns quilômetros correndo depois consigo alcançar a floresta. Tiro minha blusa enquanto corro, em seguida a minha calça e depois meus tênis.
Logo minhas pernas viram patas gigantes, meus braços também. Minha coluna se estica e se contorce e meu dorso se dobra. Antes correndo em duas pernas agora estou de quatro patas ao chão.
Minha pelagem da cor da noite se contrasta com a natureza e meu uivo surge profundo alertando aos demais na floresta que quero ficar sozinho. Normalmente quando estou assim o único que persiste ao meu lado é meu melhor amigo e Beta, Lucas.
Mas ele adoeceu há dois dias e está de cama. Espero que não tenha ouvido meu uivo, não quero vê-lo por aqui estando doente. Corro por algum tempo até que encontro o rio e fico a sua margem admirando a água dançar na minha frente enquanto me perco em pensamentos.
De repente o vento que está forte traz algo até o meu focinho. Um aroma cítrico, doce, entorpecedor, algo como frutas frescas e capim santo. Meu lobo, Argus, não resiste e minha caçada por esse aroma começa até que vejo uma jovem mulher de cabelos compridos e brancos passar correndo por mim, o aroma forte me atinge feito um soco na cara.
Começo a segui-la me esgueirando sem querer que ela note minha presença, a vejo entrar numa casa de aparência velha e abandonada. Pouco tempo depois me pego dentro da casa seguindo o som de seus gemidos.
Entro em um quarto e a mulher está lá de pernas abertas se tocando, gemendo e exijindo que aquela tortura acabe em voz alta. Algo em mim ligou, sinto minha visão ficar turva e um desejo enlouquecedor de possuir essa mulher na minha frente ruge dentro de mim… Minha bruma. Como isso é possível? Eu balanço a cabeça tentando manter o foco, é quando ela percebe minha presença.
Meu corpo aquece, meus pêlos se eriçam, o desejo latente em meu pau de entrar na buceta dessa mulher me tortura. Sinto minha boca salivar por ela, de desejo e tesão, tento me trazer a razão, mas Argus a quer ali e agora.
— Fora daqui! — ela grita — Não ouse se aproximar ou tocar em mim, juro que te mato se tentar.
Com as duas patas em cima da cama sinto meu focinho se curvar num sorriso para ela. Argus não vai recuar.
Perseu Quando cheguei na cabana dos meus pais com a noite me acompanhando não fiz barulho. Peguei uma conversa entre os meus pais e a Lua que parecia muito preocupada comigo. — Ele não deu notícias até agora, pode ter acontecido alguma coisa com ele… talvez precise de ajuda, da minha ajuda. — Minha nora, meu filho é um grande Alfa. Ouso dizer até melhor do que eu já fui, se ele não deu notícias ainda deve ter um motivo. — Escute seu sogro, mesmo sendo loba também senti esse medo que está sentindo quando quase me mataram enquanto eu estava grávida dos gêmeos. E olhe para mim, estou aqui firme e forte, com o meu filho não vai ser diferente. — Eu… — a voz da minha Luna falha, ela está chorando — Eu só queria ouvir a voz dele me dizendo que está bem. — Posso fazer mais do que isso. — falo aparecendo na porta. — Sabíamos que estava aí, mas preferimos
Alya Quando voltamos para casa me senti feliz com o resultado da batalha, ninguém se feriu, ninguém perdeu a vida e tudo foi resolvido pacificamente. Não consegui esconder o sorriso e a satisfação. — Minha Luna, está tão feliz. Suponho que eu tenha que me desculpar por pensar por um momento que você não seria capaz de lidar com o que aconteceu lá. Ficou calma, atenta e não se colocou em risco. — Eu nunca fiquei tão feliz depois de passar por algo tão estressante. Espero que algo semelhante não aconteça novamente, talvez não tenhamos a mesma sorte de dar tudo certo. — O que você quiser, amor, contanto que você continue com esse sorriso no rosto, faço o que você quiser. Zhaos me beija, me sinto em casa no abraço dele. Voltamos para nossa rotina na alcateia e eu tive que ir até a curandeira. Zhaos quer que eu me cuide somente com ela e eu peço a ajuda dela para fazê-lo entender que um ho
Halley Não tenho motivos para reclamar da vida. Tenho uma família que me ama, tenho um companheiro e logo terei um filhote se tudo der certo. Tenho também a minha loba, Lupan.Ela me aconselha bastante, quando era adolescente e não podia acompanhar os meus irmãos nas caçadas ou nas rondas ela conversava comigo até tarde todas as noites.Meus irmãos e eu sempre admiramos o relacionamento dos nossos pais mesmo sabendo como tudo começou. Eles não começaram se amando como se amam hoje, mas foi intenso.Minha mãe falava que depois da marca, da mordida, tudo para ela se expandiu em um grande entendimento sobre a razão dela ser a Luna do meu pai.Contou também como o conselho de anciões anterior tentou contra a vida dela e acabou com a família do meu pai matando meu avô. Por isso me sinto privilegiada, meu romance começou sem drama, armações e ataques.Jass, desde a primeira vez que me viu se apaixonou. El
Alya Meu irmão e eu temos o mesmo nível de teimosia, ele sabe bem que sou boa o suficiente para encarar o que está por vir. Sei também que sua maior preocupação é o sobrinho que está dentro de mim. Não vou ficar aqui como uma companheira obediente de Alfa com uma batalha como essa acontecendo lá fora tendo como alvo o meu irmão. Sei que muitos irão para cima dele, quero ser seu escudo, cuidar de quem vier pelas costas. Observo Perseu puxar Zhaos para o canto da sala, tento usar minha ótima audição apurada para ouvi-los, mas sou abordada pelas Alfas Sasha e Nayla. — Luna do Alfa Zhaos, como se chama? — Sasha pergunta com sua voz melodiosa e agradável. — Me chamo Alya, e quero agradecer por ajudar meu irmão e o meu Alfa! — Não sou de me envolver em questões familiares, mas… — Nayla dá uma pausa e olha para Sasha — Seu irmão está certo. Se está mesmo esperando um filh
Perseu Eu dei o melhor de mim nessa noite de amor com a Lua tudo para que ela esquecesse o que aconteceu naquele acampamento e as consequências envolvidas. Dormimos um pouco depois das seis da manhã, despertamos por volta das nove. Fiquei ansioso, ela estava com sua cabeça deitada no meu peito e eu não sabia o que esperar dela até que me olha com um sorriso no rosto iluminando minha manhã cinzenta. — Você é incrível, eu amo você, Lobão. — Eu te amo muito mais, minha pequena humana. Entre beijos e uma certa relutância minha levantamos da cama. Ainda precisamos passar no hotel para buscar a prima da minha Luna e levá-la para conhecer a sede da matilha. Já no hotel… — Bom dia, pessoas lindas. Perseu, que hotel é esse? Pedi o café da manhã e me serviram um banquete, acho que ganhei uns dois quilos. — ela fala passando a mão na barriga. — Suponho que na próxima peça refeição para uma
Perseu Zhaos me empurrou para dentro de uma pequena sala cheia de arquivos no momento em que eu estava me transformando para ir atrás do Pietro. Como ele ousou ameaçar a minha Luna daquele jeito descaradamente? Acabei destruindo tudo à minha volta, quando tudo se acalma em mim e volto para minha forma humana escuto a porta se abrir e uma calça foi lançada para mim. Me visto e saio. — Eu sinto muito… — falo olhando para Zhaos e depois para Alya — Tinha algum documento importante lá dentro? — pergunto envergonhado e Zhaos responde: — Vários! Mas tudo que estava lá dentro transferi para o computador em pastas organizadas há meses. Eu só gostava de guardar tudo o que estava lá dentro porque parte do que tinha lá me lembrava do meu pai. — Agora me sinto ainda pior, cunhado. — Perseu, temos algo mais urgente para tratar, não acha? — ele muda o rumo da conversa.
Último capítulo